Silêncios mentirosos…
É no silêncio da oração
Que eu peço para não ver
Essa juventude em que a ilusão
Faz no mundo tudo se perder
Perde-se o juízo e a vontade
Duma vida algo diferente
Da guerra não tenho saudade
Não a tiro da minha mente
Foi uma guerra diferente
Que aconteceu aos portugueses
Ainda hoje na minha mente
Ela vem ao de cima por vezes
Era jovem quando para lá fui
Mas o inimigo era conhecido
Hoje em mim nada disso flui
Não quero nisto ser atrevido
Estamos ao lado do inimigo
Sem saber que ele o é
Conversamos como amigo
E levamos grande pontapé
Na guerra de guerrilha
Só lá estavam soldados
Foi uma guerra perdida
E os medos andavam colados
Mas era totalmente diferente
Daquilo que hoje temos
Na verdade tudo se sente
Na partida em que não cremos
Fazer guerras desta maneira
É mesmo só de miseráveis
Que vivem para a asneira
E por mim são odiáveis
Tenho-lhe um ódio tremendo
Por isto eles ousarem fazer
Por aquilo que vou lendo
Mostram assim o seu prazer
Um prazer repugnante
Em matar sem ter razão
É reles esse instante
É esta a minha opinião
Mas há culpas de quem governa
Este mundo sem saber
Minha mágoa é eterna
Nestas democracias não quero crer
Veja-se o que se passa
Por essa África adiante
Em que a riqueza se deslaça
Na cabeça dum comediante
Julgam gente que luta
Por querer melhores condições
Para um povo que labuta
E enche os bolsos aos aldrabões
Dizem que vão criar
Melhores alternativas
Para o povo ficar a gostar
Dessas novas prerrogativas
Mas o dinheiro escorre sempre
Para uma pequena minoria
Que goza com o pequeno de contente
Ao lhes mostrar a sua alegria
Estou farto deste tipo de guerra
Estou farto deste tipo de gente
Mesmo aqui por trás da serra
Eu vos digo: não estou contente…
Poderia mais alguma coisa dizer
Mas é melhor ficar-me por aqui
Pois ainda posso vir a sofrer
Da democracia que jamais vi
Armindo Loureiro – 16/11/2015 – 19H55