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MIRANDA DO DOURO RECEBE ALVARO GIESTA

O poema tem que ser o meteoro
que vibra
ainda que como o deslizar de uma anémona…

o poema tem que ser o incessante,

o intervalo,
o gerador doutro fluxo
sem sono nem vontade de dormir…

…tem que ser a fronteira silenciosa
e em revolta
que abre o lume,

com a força da palavra latejante
na espessura da espuma e do fogo
por nascer.

O poema é o grito na urgência da escrita!
Álvaro Giesta
TERESA ALMEIDA SUBTIL
Há uma emoção que me vem da intimidade e do envolvimento com a palavra. É que a minha história de vida passa pela profundidade das bibliotecas, como se ao entrar fosse tocada por uma vontade indomável de penetrar um mundo singular. A minha curiosidade fica espicaçada e apetece-me conhecer a pele, as entranhas, os sons das palavras e a forma como interagem. Sinto até uma ambiência musical que a cada uma pertence. Assim, considero a biblioteca um local privilegiado para dar a conhecer a obra meritória de Álvaro Giesta que, estou certa, valorizará o espaço onde a comunidade educativa a poderá tocar e sentir. Desfrutar é a palavra, porque a poesia tem ritmo e paladar, lembrando a grande Natália Correia. É um autor multifacetado, com uma grande capacidade de se ausentar do seu próprio corpo e vestir a pele do interventor, do amante, do marginal – sempre a tentar desvendar uma “luz outra”.
Sabia que não seria fácil apresentar a obra de Álvaro Giesta, mas nunca me furto a um desafio quando a luz pode surgir, qual olhar de fera a raiar a escuridão e nos faz apressar o passo e nos obriga a descobrir um caminho novo. Polémico, inquieto e inquietante, Álvaro Gesta não se coíbe a mostrar-nos os seus passos (a BIRD Magazine, uma revista online, onde por vezes escrevo, dá-nos a oportunidade de adentrar o seu pensamento). Sabemos das suas fontes de pesquisa, das suas preocupações de análise, do sentido estético, da forma como se entrega à causa da escrita, sem medos nem tabus, da capacidade e do prazer que mostra em desafiar e provocar o comentário, mesmo o contraditório – com um interesse genuíno de caminhar em conjunto, de aclarar caminhos para aportar algo de novo.
Devo dizer ainda que, debruçar-me sobre a obra deste autor, é uma forma de aprender, e é com “proua”, como se diz em mirandês, que abordarei a sua admirável poesia num ambiente adequado e aprazível, num ambiente cultural por excelência: a Biblioteca do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro. Outubro é o mês das bibliotecas e Álvaro Giesta, heterónimo de Fernando Reis, estará connosco, com a sua mais recente obra “Sobre o rosto do Corpo” , em 28/10/2016 – pelas 21h..

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