África é o 2º maior continente do planeta (tem 20% da área terrestre).
África é o 2º continente mais populoso (tem 15% do total de população do planeta).
África é o 2º continente que mais cresceu nos últimos 10 anos (entre 5% a 7%), depois da Ásia.
Não obstante representa apenas 4% do PIB mundial.
Como explicar este paradoxo?
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RUI LEAL |
Embora o continente Africano seja rico em recursos naturais, ao contrário do que sucede noutros pontos do planeta, parte das riquezas estão por explorar devido à escassez de investimentos em estudos geológicos.
O continente Africano tem água em abundância (rios, lagos, bacias hidrográficas e águas subterrâneas), só que encontra-se mal distribuída E tem uma costa de 45 000 km e 8 milhões de km/2 de terra arável, dos quais apenas ¼ é cultivado.
O crescimento deste continente está a ser realizado a várias velocidades, existindo inúmeras diferenças culturais, regionais, geográficas, políticas e económicas.
Basta verificar, a título de exemplo, as milhares de línguas que são faladas nos 55 países do continente africano.
O PIB africano, em termos reais, cresceu à média de 5% de 1996 a 2012 (mais do dobro dos 2% da média mundial), sendo capaz de resistir a choques externos, como foi o caso da crise financeira, em que o crescimento do PIB em 2008 se manteve nos 5% e em 2009 nos 3%.
Contudo este crescimento não é homogéneo: de 2000 a 2012 as economias da África subsariana cresceram 5,4% ao invés do Norte de África que cresceu 4,6%.
A título de exemplo, durante este período Moçambique registou um crescimento na ordem dos 7,4%/ano.
Como se explica este crescimento africano?
Parte destes resultados explicam-se pelo boom das commodities (matérias-primas).
Em volume, as exportações de matérias primas do continente Africano mais que duplicaram, desde 2000, estando na base de tal crescimento a alta dos preços impulsionada pela procura dos países emergentes, o que fez disparar as receitas.
Consequências deste crescimento explosivo
Aumento do investimento estrangeiro que, em percentagem do PIB, triplicou desde 2000, sendo que, em volume, passou de 7 mil milhões de dólares em 2000 para 35 mil milhões de dólares em 2012.
Embora 70% desse investimento seja concentrado nos países ricos em recursos naturais, desde 2003 que os projectos de investimento estrangeiro se dirigem a outros sectores como as finanças, serviços e telecomunicações.
Desafios actuais ao continente Africano
Transformar a riqueza no progresso do capital humano, a nível de conhecimento e de progressão no bem estar;
Manutenção de uma economia saudável quando o ciclo das commodities não é favorável (gestão da volatilidade das receitas, que pode ser feita mediante a criação de fundos soberanos – desde que invistam directamente no continente);
Reforço da qualidade das instituições.
Aumento da competitividade via investimento na sofisticação tecnológica e sobretudo nas infra-estruturas (salientando dentro destas os gastos com energia e transportes);
Evitar a tentação do consumo imediato (aplicar as receitas em investimentos e projectos de curto prazo);
Evitar a “doença holandesa” – quando o crescimento da riqueza mineral asfixia o crescimento de outros sectores (caso dos países do Golfo em que a distribuição dos rendimentos do petróleo é feito através da redução de impostos – taxa 0% – ou através de subvenções directas aos carenciados)
Ascensão do continente Africano será conjuntural?
Na nossa opinião as economias da África subsariana continuarão a crescer mais rapidamente que a média mundial, esperando-se que o continente africano albergue 12 das 20 economias mais dinâmicas do mundo.
A principal razão prende-se com questões demográficas, pois este é o 2º continente mais populoso do mundo, prevendo-se que a população africana continuará a crescer e representará ¼ do planeta em 2050.
Em 2010 apenas 5% da população tinha mais de 60 anos (versus Europa com 22% e América do Norte com 19%)
Hoje metade da população africana tem menos de 20 anos, pelo que estará activa, no mercado de trabalho, nessa altura.
Os economistas apelidam este fenómeno de “bónus demográfico”.