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PROVAS DE AFERIÇÃO NA ROTA DO FAZ DE CONTA

ELISABETE RIBEIRO
Segundo o Ministério da Educação, teoricamente “No final do ano letivo, os alunos do 2.º ano do 1.º ciclo do Ensino Básico terão provas de aferição que não contarão para nota. O Ministério da Educação (ME) quer detetar dificuldades de aprendizagem mais cedo de forma a garantir uma intervenção atempada. Em nenhum modelo de avaliação, pelo menos até ao momento e com esta designação, foram feitas provas de aferição no 2.º ano, a alunos que na sua maioria terão sete anos de idade. O ME deixou claro que as provas serão feitas nas escolas dos alunos. Não haverá deslocações entre estabelecimentos de ensino, nem professores estranhos nas salas de aula.”(Educare)
Na prática isto não é bem assim. Então se querem aferir as dificuldades de aprendizagem com estas provas, mas que raio estamos nós, professores, a fazer dentro da sala de aula?
A pomposidade de ser o país pioneiro em aplicar provas de aferição a crianças de 7 anos, enche o peito e abrilhanta o umbigo do ME.
Decididamente não têm a verdadeira noção do que é ser uma criança de 7 anos!
Mais um tiro no pé quando afirmam que os alunos não se deslocam dos estabelecimentos de ensino. Além de terem de se deslocar (e falo por conhecimento de causa), o regresso à escola será feito após o horário escolar regulamentar.
Relativamente à realização das provas de Expressões, que se dividem em Expressão Físico-Motora e Expressões Artísticas, há algo que me anda a fazer urticária:
“Quando há dois meses foi conhecido o material que será necessário para realizar estas provas ficou-se a saber que muitas escolas do 1.º ciclo não o tinham. A situação terá sido ultrapassada tanto através de empréstimos entre escolas, como também pelo esforço desenvolvido pelas
autarquias.” (Público)
Como é??? Então andam feito loucos em busca do material que NÃO HÁ nas escolas que os alunos frequentam, para estes serem aferidos em algo que NÃO TÊM no seu dia-a-dia escolar?? Afinal, vão aferir o “faz de conta” com empréstimos de última hora! Onde está a lógica disto? Eu não a encontro!
A par destes desatinos ainda há uma infindável lista de burocracias a roçar a insanidade: é o guião do aplicador, guião de prova, ficha de registo de observação, critérios de classificação, informações disto e daquilo e mais um cartapácio de 50 páginas, do Júri Nacional de Exames com todos os passos e contra passos a serem cumpridos.
Há ainda os ostentosos apelidos dados aos professores. Vai desde Aplicadores, Classificadores até aos Interlocutores. Viva a criatividade!
Tanta pompa e circunstância, tanto pormenor e exigência, tanta burocracia e emergência para…? Exato… para dizer que se fez!
Já não há 7 anos como no meu tempo!!

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