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SOU CRONISTA

Ao autor, é-lhe permitido viver mil vidas.

Ao cronista cabe contar sobre muitas mais.

Nestes últimos dois anos muito tenho contado sobre os animais que me rodeiam. Por vezes de uma forma mais descontraída, outras vezes de uma forma mais simples. Sempre com o mesmo propósito. Abrir consciências para a realidade animal. Não conto sobre as suas desgraças ou o que passam nos canis ou na rua, existe demasiada gente a faze-lo e essa abordagem apesar de provocar pena e ira, não fala sobre o sentimento animal. Poucos são os que falam sobre a tristeza que se sente, mas não se vê. A aceitação que só os animais conseguem ter de uma situação de escravatura. Porque perdoam. Algo que o humano não sabe fazer. O animal vive numa eterna esperança e acredita em nós. Nós não acreditamos em nós. Temos tanto de inteligência como de maldade. Perdemos o sentimento. Felizmente para eles, nunca o perderam. São mais felizes sem o odio que tão bem nos caracteriza.

Veja-se o cão espancado que mesmo assim, abana o rabinho para um humano. Perdão.

O ser humano é intrinsecamente mau. Escolhe não ter afinidade com o que o rodeia. Por isso existem tantos cães na rua com uma coleira ao pescoço, a guardar algo que nunca foi seu, escravizados a pagar uma pena de prisão que não é sua. Assim como tantos outros. Pássaros em gaiolas, presos pela sua beleza, etc, etc. Chamo cobardes aos seus donos. Exigem a outro sem defesa o que ele próprio não está disposto a enfrentar.

Não deveriam haver donos. Ninguém é de ninguém.

Infelizmente a lei é feita pelo homem e ainda não evoluiu ao ponto de ser igualitária. Seremos justos no dia em que todos sejam vistos do mesmo modo.

A nossa inteligência deveria ser usada para melhorar o que nos rodeia. De que forma? Com empatia.

Custa tanto fazer o mal como fazer o bem, mas perdemos demasiado tempo a ignorar ou a fazer mal ao outro. Não ganhamos nada, mas mesmo assim dá-nos prazer humilhar e diminuir o outro. Só porque posso.

Qual a lógica?

Prefiro olhar para um animal e salientar a sua beleza, a sua perseverança, o facto de não se preocupar com mesquinhices. O aproveitar de cada momento. O tudo que serve para brincar. O facto de, mesmo diminuídos, não desistirem e os outros não desistirem deles. Temos muito a aprender.

Os animais vivem em comunidades, famílias. Regem-se por hierarquias. Também lutam pelo poder. Mas defendem-se afincadamente. Nós competimos.

Para eles, nós podemos ser família. Para o ser humano, um animal é sempre um animal. Nunca igual, sempre um ponto abaixo, na melhor das hipóteses.

E é isso o que conseguimos dar a quem nos ama. É isso que fazemos a quem nada pede e a quem tanto exigimos e nada desculpamos.

Somos nós a espécie dominante.

Em quê mesmo?

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