A educação em direitos humanos, e o restante trabalho efectuado neste âmbito, altera-se de acordo com as modificações nas esferas económica, cultural, política, e tecnológica que influenciam as realidades globais e locais. A percepção da diminuição do distanciamento interpessoal deve-se muito ao aumento do fluxo de trocas, e informações, entre pessoas e grupos.
O papel tradicional dos educadores e activistas dos direitos humanos tem-se concentrado nas responsabilidades dos Estados-nação para com os indivíduos. Hoje, torna-se evidente que outros actores devem igualmente ser considerados para que possa haver uma maior garantia de mudanças nas situações referentes ao exercício dos direitos humanos, nomeadamente em comunidades locais. É evidente que as acções realizadas nesses ambientes mais “familiares” têm o potencial de garantir resultados práticos mais eficazes – os diversos intervenientes conhecem melhor os possíveis parceiros, lugares, e recursos para suas actividades e projectos.
Os actores internacionais não-governamentais, descritos frequentemente como «redes de activistas transnacionais» ou «movimentos sociais transnacionais» surgiram nos últimos 15 anos para influenciarem instituições internacionais existentes e criarem alavancas precursoras de uma transformação nas práticas dos diferentes Estados-nação que não respeitam as diversas convenções, acordos e tratados de direitos humanos. As «redes de activistas transnacionais» reúnem uma grande variedade de organizações não-governamentais, associações de cidadãos, sindicatos, comunidades e meios de comunicação alternativos, praticantes de um activismo relacionado com os direitos humanos, e que visam nas suas práticas múltiplas instituições e questões de ordem global. Ao mesmo tempo, experimentam usar a visibilidade obtida a nível mundial para promoverem reformas no plano nacional.
Os diferentes grupos de agentes que trabalham no campo dos direitos humanos, nomeadamente na Educação em Direitos Humanos, aproveitam a elevada disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação para superarem as divisões globais/locais. A rápida distribuição das notícias através da internet, cria uma forte ligação entre indivíduos e organizações nas diferentes partes do mundo, como nunca antes havia ocorrido.
A crescente quantidade de intercâmbios educacionais, e projectos conjuntos, entre alunos, monitores, professores, escolas, e diversas instituições para organizar actividades com objectivos e estratégias similares contribui grandemente para o desenvolvimento de pesquisas, reflexões e práticas comuns que enriquecem o seu trabalho, ajudam a criar fortes laços entre os diversos participantes, e promovem o processo de construção do conhecimento dos direitos humanos.
As novas ferramentas tecnológicas permitem um espaço público mais igualitário e participativo – para activistas de direitos humanos – em termos de acesso e distribuição de informações que promovão os valores e práticas de direitos humanos sem ser necessário recorrer aos meios de comunicação corporativos para a sua difusão.
A compreensão do contexto global, e a sua relação com um determinado país, juntamente com a disponibilidade de várias ferramentas facilitadoras dos fluxos de informação e comunicação, representam a base do trabalho de um activista ou educador de direitos humanos.
As tecnologias, como a internet e os smartphones, juntamente com a rádio e a televisão, têm o potencial de informar sobre questões específicas de direitos humanos pois possuem uma cobertura imediata e ampla em todo o mundo. No entanto, o uso das novas tecnologias não conseguiu evitar que os seus utilizadores sejam assediados, sofram, e sejam atacados por publicarem, ou difundirem notícias e informações, em lugares onde a censura e o controlo da comunicação social é prática corrente. A análise dessas situações à luz dos direitos humanos apresenta uma nova oportunidade de aprender como o direito à livre circulação de informações e notícias baseadas na verdade e no respeito é deveras importante na criação de uma cultura de direitos humanos na sociedade. As pessoas têm de aprender a reconhecer tais violações e a Educação em Direitos Humanos preocupa-se com isso.