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A ÚLTIMA CARTA

Quantos de nós não teve um dia o pensamento de escrever a última carta…, ou por nos sentirmos muito insatisfeitos pela vida em geral, ou por uma angústia interior que não conseguimos explicar ou por um luto por resolver, por todos os motivos do mundo que nós sentimos que são motivos para o fazer.

Quem decidiu escrever a última carta e praticar o suicídio, dá-nos vários sinais, por isso temos que estar atentos a esses sinais como:

1- Ameaça, dizendo que se vai suicidar, quem se suicida é quem diz, este aviso não deve ser ignorado ou ser visto como uma chamada de atenção;

2- Tristeza profunda;

3- Mudanças bruscas de comportamento, as coisas que fazia antes, deixaram de fazer sentido;

4- Isolamento;

5-Verbalizações de sentimentos de culpa, achando que são inúteis que nem sequer merecem viver, achando que os outros estariam melhor se eles morressem…

6- Alterações de humor;

7-Falta de energia geral

Mas se alguém demonstrar este tipo de sinais não o deixe sozinho, mas essencialmente não tente piorar a situação com comentários que desvalorizam o que a pessoa está a sentir, pois isso ainda dará mais força para a pessoa tentar o suicídio ou escrever a última carta, dizendo:

… “Amanhã sentir-se-á melhor, não fique assim”…;

… “Não se preocupe, tudo vai ficar bem”….;

… “Você tem muito para viver”….;

… “Você tem tudo, o que lhe falta?”…;

…”Tem muita sorte em ter o que tem”…;

….”As coisas não estão assim tão más”….

Enfim! Para nunca escrevermos a última carta temos que sentir que as pessoas estão presentes na nossa vida, que somos insubstituíveis para alguém.

Se nos envolvermos na vida dos outros, no sentido de dizermos o quanto ela é importante para nós, talvez consigamos voltar no tempo e não escrever a última carta.

O que eu tenho vindo a falar é no suicídio afetivo, ato de pôr termo à própria vida, quem tenta pensa que tem ganhos, não consegue ter uma visão do seu futuro otimista, acha que tudo será mau, apresenta uma visão pessimista do futuro e da sua vida em geral.

Temos que refletir sobre a nossa vida todos os dias e o quanto somos imprescindíveis e insubstituíveis para alguém.

Por vezes ouvimos este tipo de comentário, “como é que ela foi capaz com filhos. Alguém que tem ideação suicida não consegue pensar nesse bem maior, pois a sua dor pessoal é tão grande que apenas pretende o alívio da sua angústia pessoal. Por isso se ouve muitas vezes “Não tenho vontade de viver”!

A sociedade em geral pensa que o suicídio é um ato autónomo, uma escolha livre da própria pessoa…., eu não partilho desta visão, acredito que é um sofrimento insuportável, que teve origem em causas internas e externas e que por isso parece ser a melhor solução.

Temos assim que prevenir, reconhecer o risco e evitá-lo, encaminhando as pessoas para ajuda terapêutica.

Só com ajuda terapêutica, é que a pessoa pode lidar com este problema e sempre numa abordagem sistémica, evitaremos a última carta…

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