E ainda que o calendário nos diga que já é primavera, o tempo cinzento e chuvoso mantém-nos no inverno e nos agasalhos e calçado próprios desta estação.
Porém, apesar de gostar de dias de chuva, já sinto falta das características da primavera, na sua enorme diversidade. Estação que, invariavelmente me remete à infância e ao cheiro inconfundível das sementeiras com o seu cheiro inconfundível a terra remexida, cujas chuvas intermitentes lhe conferem um maravilhoso aroma a terra molhada e logo seca e aquecida pelo sol morno e brilhante.
Também os pássaros, protegidos nas ramagens das árvores em plena floração, aos primeiros raios de sol, chilreiam no seu trinado incessante, dando autênticos concertos para os ouvidos sensíveis ao seu maravilhoso trinar.
E sendo a primavera a estação das cores e dos aromas, é sem dúvida a que mais me encanta, também por ser a época em que a natureza se renova. Árvores e sementes germinam e a vida renasce em toda a sua plenitude, transformando o meio envolvente num manto verde e colorido, serpenteado aqui e ali pelo voo gracioso das borboletas multicores.
E é neste maravilhoso renovar que as recordações me chegam em catadupa e num ápice, sou de novo a menina que corria pelos campos em flor, que andava descalça na terra macia porque acabada de lavrar, numa simplicidade tão plena que só uma criança consegue sentir!
