Sempre me meteu um bocado de confusão o facto de as pessoas gostarem de mostrar o que nem sempre existe. Ou o que não são. Tal e qual uma feira de vaidades em que mais do que ser é preciso aparentar algo que não somos.
Comecemos pelos casais e as suas necessidade de estar sempre a mostrar o quanto são felizes e estão apaixonados. Não digo que não estejam mas… Toda a gente já teve uma relação, toda a gente sabe que por muito que se goste de alguém não se consegue estar 100% feliz todos os dias. Há sempre feitios que não encaixam, opiniões que divergem, pessoas que tentam se colocar a meio e até apenas dias maus que nos fazem descarregar nessa pessoa. Mas quando abrimos as redes sociais é só fotos bonitinhas com legendas dignas de um Pedro Chagas Freitas, é vê-los bradar aos 4 ventos que têm a melhor pessoa do mundo ao lado. Pessoal, esqueçam… A sério. Ninguém se convence que vocês têm a felicidade em pleno. Também não digo que não sejam felizes, atenção. Mas ninguém é perfeito, nenhuma relação é perfeita. Se calhar sou muito cética e não percebo nada de relacionamentos mas comigo não cola essa ideia que tentam passar de que nada vos abala, nada vos separa e que ninguém consegue estar tão bem como vocês estão. Até porque honestamente se estamos bem não precisamos de o dizer. Agora se há uma necessidade de o dizer, de mostrar, de fazer ver aos outros, lamento mas, não estão assim tão bem.
O mesmo se passa com aquelas pessoas que gostam sempre de fazer o papel de vítimas, que vão para as redes sociais lamentar a falsidade com que as pessoas as tratam. No caso de algumas, que conheço bem mais que o que gostaria, dá vontade de ir lá escrever: “Só tens o que dás!” Mas não. Fico quieta porque a vida é delas e não minha mas, que penso isso, penso. Não gosto de pessoas que se fazem mais que os outros. Mas que também não gosto de coitadinhas, não. Até porque não o são. O mal de tudo isto é que normalmente gostam de denegrir a imagem de quem, normalmente como está de consciência tranquila, nem se dá ao trabalho de contestar. Ou então querem chamar a atenção porque não recebem em casa. Mesmo que no facebook tenham o namoro, o casamento ou o que quer que seja perfeito.
É, a vida tem tudo para não ser perfeita, para correr mal. E todos temos alturas em que estamos no expoente máximo mas também tem alturas que vamos ao chão. Portanto esqueçam lá essa feira das vaidades, que têm o melhor marido/mulher e depois em casa fecham os olhos porque sabem que essa pessoa gosta de dar umas voltas por fora. Ou então que têm o melhor namorado/namorada mas depois andam a “dar em cima” do que é das/dos outras/outros. Então o(a) vosso(a) não era o(a) melhor? Se querem realmente ser felizes comecem por vocês. Mudem-se a vós próprios. Se isso não bastar mudem a pessoa (aqui já estou a ser mais extremista) mas não sofram, e também não façam sofrer, em prol das aparências. Vivam essa parte da vida offline e se realmente forem felizes perceberão que não precisarão de a expor a ninguém. Claro que não tenho nada contra a que partilhem alguns momentos a dois. Mas tudo o que é exagerado não é real. Aliás pensem comigo. Para quê partilhar algo que não existe? Publicar uma foto com a pessoa que têm ao lado vai fazer-vos felizes quando na realidade não o estão? Não, não vai alterar nada.
No caso de quem gosta de se fazer de vítima se de facto é verdade têm é que deixar de se vitimizar e fazer algo que mude isso. Se não há nada que consiga mudar pedra no assunto e passem por cima. Aqueles que se fazem de vítimas sem o ser espero que tenham um encontro imediato com o karma. E o mais rápido possível. Não sei se existe vida depois daqui. Mas também não é necessário. Elas pagam-se todas cá, mais cedo ou mais tarde… E ainda bem.
Esqueçam a Feira da Vaidades. Assumam-se enquanto seres humanos com falhas, defeitos e fracassos. Não exibam o relacionamento feliz que não têm e tentem torna-lo feliz. Não inventem e tentem denegrir ou rebaixar os outros. Vejam qual o vosso problema com essa pessoa e assumam se a culpa for vossa ou tentem chamá-la à razão se for dela. Não mostrem que são boas pessoas e depois andem a infernizar a vida dos outros. Sejam de facto boas pessoas ou pelo menos tentem melhorar de dia para dia.
Eu não sou perfeita. Assumo que tenho erros, falhas e defeitos mas tento sempre ser uma versão melhor que o que era. E também não mostro ser mais que o que sou. E isso é meio caminho andado.