O mundo não é hoje o mesmo de há 5 anos, e dentro de outros 5 não será igual ao de hoje.
Das teorias catastrofistas do desaparecimento de centenas de profissões nos próximos anos, até às previsões balizadas de movimentações humanas no globo, muitas são as dimensões da mudança.
Por oposição a estas dinâmicas humanas, constatamos alguma estática no que concerne às programações políticas e às evoluções que se prevê venham a acontecer um pouco por todo o mundo.
Note-se que quando me refiro ao estatismo político, não é em tom depreciativo, como se de voluntário se tratasse, com incúria ou má fé encapotada, mas sim de algum desprezo por alguns sinais que vão sendo cada vez mais claros no mundo sobre a sua evolução e capacidade de resposta das sociedades evoluídas e democráticas face a situações que se vão repetindo aparentemente sem qualquer repercussão digna desse nome em termos de estratégia política ou definição de linhas orientadoras para o futuro.
Olhando para os últimos anos, e em particular para a Europa, vemos que o velho Continente foi incapaz de agir de forma concertada e eficaz contra fenómenos como a incapacidade financeira de alguns estados membros da UE, foi incapaz de prevenir que muito próximo das suas fronteiras se estabelecesse um Califado extremista, caracterizado pelo que há de mais desumano, foi incapaz de responder à tentativa desesperada de imigração para os seus territórios de Milhares de pessoas, permitindo que o Mediterrâneo de transformasse num cemitério miserável e que ao mesmo tempo que uns se banhavam em férias outros se afogassem em desespero. Tudo isto à vista de todos nós.
Se a Europa foi incapaz de fazer face a uma migração na ordem do Milhão de pessoas, que emigravam pela mais basilar questão, a preservação da vida, imagine-se como será a capacidade de resposta nas próximas décadas onde se prevê a migração de dezenas de milhões de pessoas, pelo mesmo motivo. Seja pela guerra, pelo terrorismo ou pelas alterações climáticas, são estas as previsões, dezenas de milhões de emigrantes, deslocados, refugiados, e demais categorizações que se lhes queiram imputar, a procurar na Europa, mais que uma resposta, uma alternativa à morte certa.
Urge uma política direcionada para cidadãos do mundo, uma política mundial, que assegure às pessoas a condição e a dignidade de poderem viver em paz e em desenvolvimento nas suas terras. Permitindo a legítima ambição de progressão e, eventualmente, a vontade de emigrar, mas por razões que não a da fuga à morte certa.
Urge uma integração nas políticas nacionais, de uma estratégia coletiva de empoderamento das pessoas, assim como das nações, por forma a que a concretização, o trabalho, a realização pessoal, a paz e acima de tudo a felicidade de cada ser humano deixe de ser uma utopia conspirada por mentes exóticas e passe a ser aceite como parte integrante da normalidade.
É impossível gerir todas estas dimensões se o mundo continuar a apostar em Políticas Nacionais para Cidadãos do Mundo, repetindo vezes sem conta os erros do passado.
Ou então, teremos de abrir espaço a outros pensamentos, tais como a possibilidade de estes eventos catastrofistas serem desejados, como parte de uma purga necessária à própria evolução mundial, mas quanto a esta parte, estou certo, nenhum de nós quererá equacionar seja real…