A rede social Facebook, que se tornou já um vício ou até uma dependência patológica para tanta gente, está na ordem do dia, e não pelos melhores motivos.
Obviamente, que, como qualquer rede social, o Facebook tem as melhores e as piores utilizações. Pode ser usado para o bem e para o mal. Para actos de solidariedade e de benemerência, como para as maiores atrocidades e para apelos ao terrorismo ou ao fabrico de armas.
O Facebook pode ser utilizado para divulgar eventos e promover sessões culturais ou para descarregar ódios e maledicência sobre pessoas ou instituições, muitas vezes a coberto da cobardia do anonimato ou dos perfis falsos.
O Facebook tem a capacidade de aproximar gente que está a milhares de quilómetros, mas a maioria das vezes acaba por distanciar e afastar as pessoas que estão lado a lado ou na vizinhança.
Não é raro observarmos, nos cafés ou na rua, pessoas de telemóvel na mão a olhar cada qual para as suas publicações ou a consultar as publicações alheias, e nem uma palavra ou um gesto de simpatia para quem está em frente, à distância de um braço ou de um abraço.
É o esplendor da vida virtual que, para muitos, acaba por sobrepor-se à triste e monótona realidade do quotidiano, porque nas redes sociais todos são belos, bem vestidos, alimentam-se bem, têm boas casas, passeiam pelo mundo inteiro, frequentam excelentes espectáculos ou belíssimas praias.
Mas, como em tudo na vida, o Facebook (podia ser qualquer outra das redes sociais…) tem o seu lado perverso e é usado para as mais condenáveis actividades.
O mais recente escândalo que abalou a credibilidade desta rede social tem a ver com o uso despudorado, em 2016, de dados de 50 milhões de americanos em favor da candidatura e da eleição do mais anacrónico e terrorista dos presidentes americanos, Donald Trump.
O pateta foi eleito por efeito directo do Facebook, tal como a Inglaterra saiu da União Europeia pela pressão derivada das vigarices da rede social.
Mark Zuckerberg, o fundador desta mina de dinheiro e de mentiras, bem tenta minorar os estragos e vai fazendo um esforço para que os danos não sejam maiores, embora já se saiba que, fruto destes conturbados momentos, a nível planetário, o Facebook desvalorizou já mais de 70 mil milhões de dólares.
É claro o menosprezo deste capitalismo selvagem, de claros objectivos políticos, pela privacidade dos utilizadores da rede social, que não se coíbe de dar azo a utilizações menos escrupulosas dos que vão diariamente navegando pelas páginas desta rede social, que hoje por hoje tem mais de dois mil milhões de usuários. Que, potencialmente, valem muito dinheiro, e é por isso que as empresas criam algoritmos que vão desenhando cientificamente os gostos, as preferências e até as taras dos utilizadores, de modo a venderem os produtos mais certeiros e a ganharem rios de massa, com essa exploração de que nem conta nos damos.
É que os gigantes da tecnologia não nos vendem apenas pastas de dentes, refrigerantes, relógios ou automóveis, mas também tentam influenciar politicamente as nossas decisões, sobretudo para a queles que têm menos consciência ou são mais vulneráveis às influências das redes sociais.
Como alguém escreveu por estes dias, bem a propósito, “hoje é cada vez mais difícil confiar nas empresas onde depositamos os nossos dados. E vale a pena rever tudo aquilo que já aceitámos que fizéssemos com essa informação. O uso prolongado do Facebook e de outras redes sociais pode afectar gravemente a sua saúde”.
As redes sociais, e neste caso o Facebook, acaba por utilizar dados das nossa privacidade, que vende a terceiros, para fins políticos ou comerciais, sem o nosso consentimento e sem que saibamos os fins a que se destinam. Dados que rendem dinheiro ou votos.
As tecnologias são um admirável mundo novo que, sem dúvida, em muito contribui para a nossa felicidade, para o enriquecimento informativo e cultural dos cidadãos mas também, perversamente, para nos tornar reféns de interesses que não controlamos, nem sabemos que existem.
É esse o lado negro dos dias que vão passando!…