Quando os mouros foram expulsos do Alentejo algumas localidades foram colonizadas por franceses. Nisa foi uma dessas localidades.
Segundo as últimas investigações do Professor Carlos Cebola sobre Nisa, foi em 1190 que o rei português D. Sancho I(1) doa a Herdade da Açafa (Vila de Rodam, hoje Vila Velha de Ródão) à Ordem do Templo, ordem religiosa e militar de origem franca. O território de Açafa fica situado a norte pelo Rio Tejo e a sul parte dos atuais concelhos de Nisa e Castelo de Vide. Estas doações tinham como objetivo fixar moradores para defender o território. O seu domínio incluía um vasto território no atual Alto Tejo português, em torno das Portas de Ródão. Os Templários edificaram uma fortaleza que os defendesse dos infiéis. Ao memo tempo o monarca português anuncia a vinda de colonos franceses, destinado ao povoamento do território da Açafa e aí ergueram habitações e fundaram aglomerados que deram o nome das suas terras de origem: Nisa de (Nice, vila francesa), Arêz de (Arles, vila francesa) Montalvão de (Montauban, vila francesa), Tolosa de (Toulouse, vila francesa), todas cidades do Sul de França. No terceiro foral de Nisa atribuído pelo rei D. Manuel I, em 1512, o nome de Nisa aparece (Nissa), provavelmente sob a influência do nome francês da vila de Nice. A causa da vinda de povoadores para a região do Alto Tejo português (Alentejo) foi a necessidade de consolidar a soberania sobre territórios recentemente integrados no reino de Portugal. O fato destes (re)povoadores serem do sul de França dever-se-á à estreita relação familiar e política entre a família real portuguesa durante a dinastia de borgonhesa. A hipótese do (re)povoamento do Alto Tejo terá ainda ocorrido tudo ao longo da primeira metade do século XIII, não só Alto Tejo, mas também na Beira Baixa. A existência da Via Tolosana, do Caminho de Santiago e do Caminho Real sugere um itinerário possível de mais de mil quilómetros até à entrada em Portugal pela região da vila de Segura.
A língua falada e escrita dos francos que foram os primeiros (re)povoadores do Alto Tejo não era nenhuma variedade do francês (língua d’oil), mas variedade do occitano ou provençal (língua d’òc) mais próximas das variedades neo-latinas ibéricas, em particular do catalão, que das variedades neo-latinas gaulesas faladas a norte do Rio Loire (França) e que estão na origem do francês contemporâneo.