De acordo com as informações disponíveis, o valor das Pensões em Portugal, em mais de 70% dos casos, rondam os 420€.
Este é um valor que não pode deixar ninguém satisfeito ou indiferente.
Note-se que o valor das pensões advém do cálculo das carreiras contributivas dos trabalhadores, o que indicia que mais de 70% dos trabalhadores em Portugal, tiveram ao longo das suas carreiras salários baixos. A palavra é mesmo esta, baixos. Demasiado baixos para que chegados à velhice, termo este que nos deve inspirar alegria e um espírito de libertação, e não um sentimento atroz de reta final de percurso, possam ver as suas vidas, e dos seus, programadas de forma adequada, digna e com capacidade de fazer face a todas as despesas que emergem mensalmente das rotinas de uma vida sem opulência ou desmesurado gasto.
A discussão por um salário mais elevado, pela subida do salário mínimo, ou de um salário mais elevado de acordo com as competências que os trabalhadores apresentam, não são questões meramente económicas ou ideológicas, são, fundamentalmente, uma questão de , dignidade pessoal e coletiva de uma sociedade que se quer mais capacitada, mais informada, mais esclarecida, mas também mais reconhecida em termos profissionais.
Ninguém pode ser feliz, sabendo que no final de um ano de trabalho continua a apresentar indicadores de se encontrar abaixo do limiar de pobreza. Não só é chocante, como é psicologicamente destruidor para quem tenta a todo o custo honrar os seus compromissos e promover um bem-estar maior, assim como melhores condições para os seus filhos, ou seja, as nossas próximas gerações.
Não será despiciendo notar que foi esta geração de pensionistas que dotou o país da geração mais bem preparada e evoluída academicamente e bem assim, não menos despiciendo será louvar todos os sacrifícios que terão feito ao longo de uma vida para que o País pudesse agora dispor de uma massa crítica e profissional de topo que lhe possibilite competir em várias áreas e receber prémios anuais em investigação e desenvolvimento, em ciência, em desporto, em medicina, etc.
Haverá melhor forma de louvar esta geração do que evitar que a presente passe pelos mesmos sacrifícios? O lucro e toda a parafernália de dividendos auferidas por pessoas que aguardam atrás de uma secretária pela subida automática das suas contas em offshores, tem de ser repensado, no coletivo, porque se em tudo não imperar o coletivo, não haverá lugar para o individuo na sociedade. Alexandre Dumas instigou-nos ao lema um por todos e todos por um, sejamos todos Dumas, e sejamos todos, por todos.