Estamos a menos de um ano de o Reino Unido sair da União Europeia e passado quase dois do referendo dá para perceber que o Parlamento Britânico aprovou a realização de um referendo sem que houvesse um plano. Mais, hoje é notório que Thersa May se precipitou a iniciar o processo de saída sem a definição do que significa realmente o Brexit para o Reino Unido e sem avaliar os riscos. Os Conservadores preferiram usar slogans como “Brexit means Brexit”, “No deal is better than a bad deal” e “Brexit build a Global Britain” em vez de estudarem os dossiers e apresentarem um plano.
Também é verdade que definir a possibilidade de saída da União Europeia em dois anos não é realista. Hong Kong e Macau tiveram um período de transição de dez anos para que passassem das mãos do Reino Unido e de Portugal para a China. Tenho muitas dúvidas que a transição destes dois exemplos sejam mais complexos do que a saída da União Europeia, desta forma só posso concluir que a sua saída em dois anos era para ninguém sair.
Desta forma se o Governo Britânico fosse um governo que pusesse os interesses do País à frente de qualquer outro interesse, a sua preocupação inicial após referendo seria negociar um período mais alargado da sua saída. Em vez de terem marcado eleições para o Parlamento Britânico na expectativa que iriam ter uma grande maioria. NA POLÍTICA É PRECISO INTELIGÊNCIA E SENTIDO DE ESTADO.
Daqui a um ano vai haver eleições para o Parlamento Europeu e o Reino Unido vai deixar de estar representado apesar de pouca coisa ter mudado. Por isso, irá ter menos voz e não irá sobrar dinheiro para investir no serviço nacional de Saúde como foi prometido na campanha pelos movimentos a favor da saída. As acções e as políticas medem-se de resultados e não de promessas eleitorais. A verdade é que a economia britânica arrefeceu, a moeda se desvalorizou, os salários estagnaram e ainda ontem a Jaguar Land Rover anunciou que não renovou muitos contratos temporários por causa da incerteza do Brexit. A verdade é que a negociação de dois anos extras de transição trouxe algum oxigénio mas é insuficiente. Desmontar um modelo de décadas e criar um novo modelo que funcione leva tempo. Nunca quatro anos serão suficientes. SE OS BRITÂNICOS CONTINUAM A QUERER SAIR DA UNIÃO EUROPEIA É PRECISO NEGOCIAR UM PERÍODO DE 10 ANOS PARA QUE TENHAM SUCESSO.
Com este artigo não é minha intenção defender a continuação do Reino Unido na União Europeia, apesar de achar que é o melhor para este País que me recebeu de braços abertos. Passado três meses do referendo no Labour de Oxford foi votado uma moção para que a posição do Partido fosse de defender a manutenção no mercado único, idêntico à situação da Noruega. Eu fui dos que fiz parte da abstenção porque entendia que deveríamos dar uma oportunidade aos que suportaram o Brexit apresentassem um plano. Mas passado dois anos onde está o plano?
Assim sendo, BREXIT SEM PLANO …E AGORA?