Por uma questão de organização precisamos de rotinas seguras, mas o ritmo da exigência leva-nos, por vezes, a vivermos em piloto automático.
Esta vicio começa cedo, na escola.
O ensino quer dar inteligência e acaba por fazer de nós máquinas, não dando tempo às crianças para brincarem livremente ou levando os adultos a programarem minuciosamente o amanhã, tornando o presente num checklist constante. Quando saímos da escola nos deparamos com uma realidade cheia de surpresas, com as quais não sabemos lidar.
Este mês consegue contar os dias em que fez tudo o que planeou?
E, assim, o presente vai sendo substituído pela frustração e um enorme peso de consciência.
A nossa espontaneidade é substituída por um programa, por um discurso minuciosamente preparado ou pelos pacotes de férias fechados. E, valha-nos o universo, se utilizarmos o azul quando a moda do ano é o verde.
Com todas estas regras, os dias fazem-se meses, os meses anos, até que damos conta vivermos mecanicamente.
A busca da perfeição, do cumprimento, da etiqueta, da segurança: não chega para nos sentirmos vivos.
Também precisamos da surpressa, do furo na espera, para que os dias não sejam todos iguais; da aventura, para que esta rápida passagem – entre o nascer e o morrer – não se torne aborrecida e chata.
Com isto não quero dizer que discorde da necessidade organizativa para chegarmos aos resultados. A vida seria impossível se assim não fosse. A segurança é saudável, e necessária, permitindo-nos coabitar no tempo, sem nos deixamos levar demasiado nesta corrente e cada dia ser igual ao anterior, até cairmos no tédio.
Sigam o conselho que Sócrates nos deixou “conheçam-se a si mesmo” para que não se sintam agredidos quando julgados.
E é importante ir também perguntando: o que quero agora? o que eu sinto agora? o que me apetece agora? o que é que estou a fazer por mim? a minha vida satisfaz-me?
Se for preciso: mude de direcção!
A vida é muito curta para uma existência medíocre, deixando cair aquela pergunta chata e existencial: qual é o sentido da vida?
Volto no primeiro dia de Maio para voarmos juntos nos meus pensamentos.