Seja no meio empresarial, social, político ou qualquer outro, a Comunicação é a arma cada vez mais poderosa que temos ao nosso dispor. Saber comunicar correctamente faz com que a nossa mensagem passe de forma clara e possam ser mudados comportamentos e até formas de estar.
Independentemente da verdade que a mensagem possa conter, a comunicação está presente em tudo o que fazemos. Desde que acordamos, a forma como nos dirigimos aos outros, a forma como escrevemos ou como nos vestimos e comportámos, tudo são sinais comunicacionais e são levados em conta na análise que os nossos interlocutores fazem de nós, reflectindo-se na forma como nos tratam e nos reconhecem credibilidade.
O uso de frases-chave apelativas ou de chavões que remetem para momentos históricos, por exemplo, são por norma a forma escolhida para se comunicar politicamente. Já no meio empresarial, são normalmente escolhidas frases que fiquem no ouvido ou que possam ser cantaroladas pelos potenciais clientes.
As marcas, e a Política os Partidos também representam uma marca que se pretende seja vendável e reconhecida, criam normalmente uma imagem e um discurso comunicacional uniforme e orientado para o público-alvo que se pretende atingir tendo para isso cuidado com as cores que usam ou mesmo com as imagens gráficas que podem muitas vezes passar mensagens subliminares que ficam como que gravadas nos cérebros dos potenciais clientes, levando-os a determinadas escolhas em momentos decisivos, a determinados comportamentos ou até a mudar alguns hábitos de vida por via do consumo de determinados produtos ou para se identificarem e serem aceites por determinados grupos sociais.
Na Política as coisas são um pouco mais complexas até porque um dos maiores problemas a que assistimos se encontra precisamente na Comunicação interna. Seja porque o papel da pessoa responsável pela Comunicação é muitas vezes menosprezado, seja porque uma ou mais pessoas considera que mesmo sem conhecimento teórico ou prático sabe o que é melhor em determinado momento ou até mesmo porque vê na pessoa responsável pela Comunicação alguém que pretende mandar em si e não alguém que existe para defender a equipa não só de eventuais ataques externos mas muitas vezes da incúria e ingenuidade interna que é tão ou mais prejudicial que a externa.
Fazer passar a mensagem é algo muito complicado na grande maioria das vezes pois o grupo de trabalho encara como “ordens” o que muitas vezes são indicações para que o grupo funcione de forma alinhada e coerente.
Se não vejamos: se num determinado momento, num grupo de doze pessoas duas resolvem agir de forma correcta e dez de forma incorrecta porque “acham que” aquela é a melhor forma, o que acontece é que vai o grupo todo ser visto pela opinião pública como incoerente e desorganizado. Por isso na maior parte das vezes é, ou deve ser, elaborado um documento do qual constem as regras a adoptar, os princípios que norteiam a actuação e os comportamentos a ter nas mais variadas situações e este deve ser lido e entendido por todos sem excepção.
Da mesma forma, deve haver apenas uma voz que transmita a todos quais as melhores opções em determinado momento para que todos possam comunicar da mesma forma em nome da estrutura. É portanto conveniente que os grupos de trabalho tenham sempre presente que estão a representar uma estrutura que se manterá de pé depois de eles saírem, e não os seus Egos pessoais.
Se em algum momento os elementos dos grupos de trabalho sentirem que estão a ser cooptados na sua actuação, a melhor forma não será a de agirem por conta própria e contra as indicações pré-determinadas mas apresentarem esses problemas e as que considerem ser as melhores soluções à pessoa responsável pela área da Comunicação.
Apresentar uma linha de Comunicação uniforme não significa que estejamos manietados na nossa actuação ou na nossa voz pessoal, significa apenas que há coesão e coerência na forma como se comunica quer interna, quer externamente.
Tomemos como exemplo a marca “Coca-Cola”, um gigante norte-americano que se tem sabido posicionar no mercado ao longo dos anos e se tem sabido reinventar socialmente.
A “Coca-Cola” tem uma missão e um conjunto de valores – tal como os Partidos políticos – que a posiciona em vários sectores das sociedades mundiais e tem um Gabinete de Comunicação cujo papel é manter a marca no topo de vendas em todos os locais do Mundo em que se encontra representada, através de uma comunicação eficaz, coerente e uniforme. Se na China, no Japão, na Índia ou na França alguém pede uma garrafa de “Coca-Cola” está à espera que lhe seja servido exactamente aquele produto que lhe causa exactamente aquela emoção ou sensação.
Alguém consegue imaginar como é que esse Gabinete conseguiria funcionar se cada vez que os Recursos Humanos quisessem fazer uma campanha de recrutamento ou o Departamento de Marketing quisesse lançar uma nova campanha, o responsável de armazém viesse ao Gabinete dizer que não cumpria com o determinado porque “achava que”, bloqueando assim toda a linha de Comunicação? Isto evidentemente com todo o respeito pelo dito funcionário mas pretende esta hipérbole dar ao leitor uma maior noção do que estamos a falar.
Os mais incautos e desconhecedores podem pensar que ser responsável pela Comunicação de uma qualquer marca se resume a fazer umas publicações bonitas nas redes sociais ou enviar uns e-mails sem erros e com as precedências correctas mas a sua missão vai muito para além disso e quando há contacto com o público, por mais que aparentemente o que se faz seja um sucesso, o profissional de Comunicação está treinado para descobrir e apontar os erros e as falhas e deve fazê-lo tendo em vista a sua correcção e não repetição porque o pior que pode acontecer a uma equipa de trabalho motivada é não saber o lugar que ocupa na estrutura e tomar como suas responsabilidade e trabalho para os quais não está habilitada abrindo brechas que se não atempadamente sanadas podem acabar por ser fendas que racham a estrutura irremediavelmente.
Cabe ao profissional de Comunicação portanto, a responsabilidade ingrata de, por vezes, ter que colocar travão na ambição ou na ingenuidade de alguns para o bem de todos mas principalmente da estrutura que representam e quanto mais depressa este conceito for assimilado maiores serão as possibilidades de união duradoura e sucesso da equipa de trabalho.
Pode parecer uma frase-feita mas convém atentar nestas palavras: “ Não é o cargo que faz a pessoa mas sim a pessoa que faz o cargo”. Assim que todos os elementos de uma equipa de trabalho conseguirem assimilar este conceito, tudo fica mais fácil e o trabalho fluirá de forma mais harmoniosa.
A Comunicação é uma área apaixonante tal como todas aquelas que envolvem lidar com pessoas mas tal como qualquer arma quando usada por alguém que não está preparado e consciente para lidar com ela, pode ter efeitos indesejados, se não até mesmo catastróficos caso dela seja feito um uso imprudente.