Todos nós escolhemos caminhos diferentes, estradas que nos levarão por imensos obstáculos e desafios para ultrapassarmos. O Músico está muito longe de ser uma exceção. As rotinas existem, mas o retorno é sempre uma incerteza.
Ele acorda, pega no seu instrumento, e desafia-se constantemente para melhorar. Anos e anos de pura dedicação, tudo para que no futuro que parece sempre estar longe, a Música possa ser a chave para ser aceite. Viaja de um lado para o outro, a ensinar, a aprender e à procura de oportunidades de se mostrar ao Mundo. Todos os dias é confrontado com a pergunta: “Isso dá dinheiro?”
Muitas vezes, a resposta é não. Mas o que não é transmitido, são as omissões que Ele faz ao responder. Sim, os meses passam, e as incertezas são diárias. Raramente sabe como uma semana vai começar, onde vai ter de tocar, e sim, ao fim de um mês, o salário é sempre uma incógnita. Então porque é que Ele continua a tentar? Talvez porque a Música o faz sentir coisas que nunca antes sentiu na sua vida.
Sempre que uma atuação se aproxima, o coração bate mais forte, o nervosismo instala-se, as inseguranças chegam, mas eis que chega a hora de ele tocar. Todas as horas, toda a dedicação, todos os sacrifícios são validados. Nada que Ele alguma vez sentiu se compara a isto. O palco torna-se o meio de libertação da alma, em que uma simples nota transmite tudo o que Ele está a sentir, e o público embarca numa viagem na qual Ele é o seu guia. Nesse momento, nada mais importa.
Por uma vez que seja, Ele sente-se livre. Este é o lugar que lhe pertence. A viagem vai sempre continuar, mas esta paragem é sempre obrigatória. Sim, não sabe como vai lá chegar, todas as turbulências são expectáveis. Mas Ele tem sempre os olhos postos nesse momento. O momento em que Ele é feliz.
Não é isso que todos procuramos?