Chego à porta e vejo-a ao sol.
Admiro o seu copo esbelto e aprecio a sua tonalidade num raiar de castanhos em degradé.
Ela não me vê e aproveita a sua solidão para aproveitar o prazer que o calor do sol lhe traz, oferecendo todo o seu corpo aos raios que a atingem sem dó.
Rebola, ajeita-se, espreguiçasse e deleita-se com aquela oferenda.
Eu fico quieta a aproveitar todo aquele abandono, enquanto ela não dá por mim.
Brinca com os amos das plantas que estão por perto, aperta a toalha por entre os dedos e iça-se, para melhor se posicionar.
Oferece-se e delicia-se com o momento.
O sol é uma dádiva e ela sabe-o bem.
Depois chega a restante família e instala-se o caos.
Ela tem de manter a sua posição de chefe de família, não apresentando a fraqueza do deleite.
E os petizes lutam entre eles pelo melhor lugar ao sol, que por acaso é onde ela está.
Depois de alguma refilisse e uns quantos gritos, lá todos se ajeitam a aproveitar o astro rei.
Era uma imagem digna de nota, ver aquela família toda reunida e em paz, mesmo que por uns segundos.
O sol tem o dom de trazer ao de cima toda a tolerância, por um bocadinho.
E lá se bronzeiam até estarem tão quentes que fica difícil aguentar por mais tempo aquela benesse. Vão desistindo um a um, arrastando-se para a sombra e a fresquidão.
Parecem escorrer pelo chão, esfalfados, sequiosos, mas com demasiada preguiça até para beber água.
Depois, depois é hora de outras lutas porque a manhã ainda só vai a meio