Amanhã entro no meu 32º ano de vida. Engraçado que quando somos crianças achamos os 30 anos uma coisa tão longínqua. Achamos que as pessoas aos 30 anos já são velhas. Quando era miúda pensar no meu eu com 30 anos era pensar em alguém com uma vida estabilizada pessoal, profissional e financeiramente. Era pensar em alguém seguro de si, independente e muito bem resolvido com a vida. Dizia eu que aos 30 estaria a morar na minha grande casa, com o meu grande carro e o meu cão. Casamentos e filhos nunca foram parte dos planos. Isto, realmente, só mostra o quão inocentes somos.
Cheguei aos 30 e vi que não era nada do que estava à espera. Nunca é pois não? Não me posso queixar da vida que tenho mas não é nada do que imaginava. Aos 30 seria super independente, e sou, mas ao contrário do que me imaginei não tenho a grande casa, o carro é super banal e a única coisa que coincide com a minha profecia é o cão. Vá e o casamento e os filhos que continuam a não fazer parte. Ninguém nos disse que aos 30 ainda teríamos dias em que a confiança nos foge. Em que em vez de encararmos o dia-a-dia o nosso maior desejo, por vezes, era não sair da cama. Ninguém nos disse que aos 30 ainda nos decepcionaríamos com as pessoas, sejam elas amores ou amigos, e que viver será sempre um eterno rasgar e remendar o coração com o rodopio de “entra e sai” de pessoas da nossa vida. Ninguém nos disse que aos 30 em vez de sermos CEO de uma empresa ainda estaríamos aflitos com o fim de contrato e a sua possível renovação ou que ainda andaríamos a correr de um lado para o outro para coincidir trabalho com estudos sem descurar uma das coisas. É, ninguém nos disse.
Apesar de tudo, e já há dois anos que entrei para o grupo dos trintões, gosto desta faixa etária. Acho que ter 30 realmente nos dá outra maturidade emocional para vermos as coisas de outra forma. O facto de as pessoas saírem da minha vida fez-me dar ainda mais valor aos que ficam. Que realmente quem vai embora é que perde e que quem faz tudo para me ver bem e a sorrir é que merece caminhar a meu lado para sempre. A saída de algumas pessoas custa sempre mais que outras. Algumas demoramos mais tempo a aceitar mas se há coisa que aos 30 também já aprendemos é que todas as feridas demoram a cicatrizar mas um dia cicatrizam de vez. Já não nos conseguimos chatear tanto com coisas insignificantes e as pessoas mesquinhas que nos querem mal já não nos conseguem dar raiva… Pelo menos a mim apenas e só me dão sono. Também é nesta altura que começamos a ter outra visão de nós próprios. A não nos preocuparmos tanto com os nossos defeitos e apenas a tentar melhorá-los, sem ser de uma maneira obcecada, e claro, a enaltecer as nossas virtudes e o que temos de melhor. Aprendemos a gostar mais de nós e a perceber que estarmos em primeiro lugar não é egoísmo, é amor-próprio. Isto sem ser em dose exagerada claro.
Não trocava os meus 32 pelos 18 anos outra vez. São outras visões, outras vivências, outros mundos. Já caí algumas vezes e levantei-me. Já tive dias em que parecia uma miúda com tanta felicidade e outros em que queria voltar a ser criança só para não ter que estar a viver momentos difíceis. Já atingi metas às quais me tinha proposto e outras que nem sequer faziam parte dos planos. Já conheci muitos lugares e muitas pessoas no mundo. Já fiz parte da vida de pessoas para as quais fui apenas mais uma e outras que tornaram o nosso cruzar de caminhos algo especial e memorável. Já amei e fui amada. Também já magoei e fui magoada. Já fui decepcionada por quem esperava muito e surpreendida por quem não esperava nada. Acima de tudo vou vivendo neste desequilíbrio que é sair da nossa zona de conforto, andando e aprendendo, caindo e levantando mas seguido sempre em frente. Porque para a frente é que é o caminho.
Um brinde aos meus 32. E a todos vós, independentemente da idade, por tal como eu seguirem sempre em frente nesta montanha russa de emoções chamada vida independentemente das quedas e das mudanças de planos.