Há pessoas sem coração, sem afetos, gélidas como o frio que se faz sentir nos polos. Para elas, o outro não existe e nada mais há para além dos seus pretenciosos umbigos.
Existe o ladrão que faz do objeto alheio o seu ganha pão, numa vida onde o trabalho é doença que mata por exaustão.
Depois vem o vigarista, habilidoso malabarista e mentiroso ilusionista que, na alheia ingenuidade, espalha a sua exuberante vaidade.
Não esqueçamos o corrupto, que às cegas, e por debaixo do capote, lapida o diamante ainda em bruto, ofuscando de seriedade o holofote.
E criminosos há para todos os gostos. Raptores, agressores, violadores e assassinos, que na percussão dos seus crimes espalham, com obsessão, o medo e o terror, ceifando vidas e semeando o horror, não só aos que perecem mas também naqueles que desconhecem.
E, quer queiramos ou não, esta maldade corre-lhes nas veias, não é só culpa da sociedade nem das suas intrincadas teias, porque aquilo que lhes corre no sangue não se aprende em nenhum gangue.

O povo diz que a culpa é do pau que nasce torto mas eu tenho cá para mim que muitos não são mais do que nado-morto.