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22º CONGRESSO DO PARTIDO SOCIALISTA – MAIS PARTIDO E MELHOR PARTICIPAÇÃO

Durante este fim-de-semana decorrerá o 22º Congresso do Partido Socialista, é com pena que por motivos de força maior não poderei participar e dar o meu contributo. Assim sendo, irei aproveitar este espaço para dar a minha perspectiva sobre o Congresso e esboçar algumas ideias que contribuam para MAIS PARTIDO e MELHOR PARTICIPAÇÃO.

Por norma os Congressos são um momento de vitalidade e de camaradagem, ao qual o objectivo é dar voz às bases do Partido. Acontece que o modelo apesar de dar direito a perto de 1.000 congressistas de exprimirem o que lhes vai na alma, não é consequente e infelizmente pouco se “escuta” o que as bases têm para dizer.

O Congresso dos Partidos em Portugal têm uma lógica e modelo completamente vertical, vindo de baixo para cima. As Moções Globais por norma são muito genéricas e comprometem-se pouco. É muito difícil listar os compromissos para que no próximo Congresso façamos uma avaliação do que foi executado ou não. E, mesmo que exista algum grau de comprometimento não existe uma cultura de monitorização e avaliação por parte dos militantes e dirigentes.

Diga-se em boa verdade, que as Moção Sectoriais são mais pragmáticas e objectivas. Delas consegue-se por norma listar os objectivos e facilmente se conseguiria avaliar o grau de execução. Mas, porque não há essa cultura de avaliar o que foi realizado ou não, no próximo Congresso já ninguém se lembra que Moções Sectoriais foram aprovadas. Ou seja, DESVALORIZA-SE O QUE DEVERIA SER MAIS VALORIZADO, QUE SÃO AS MOÇÕES SECTORIAIS.

Um dos temas que mais me fascina na política é a sua organização. Eu acho que a forma como o Partido está organizado e envolve os seus militantes, dirigentes, simpatizantes e como interage com os seus cidadãos em geral é o ponto de partida para desenvolver as políticas que contribuam para o nosso progresso e bem-estar. Mas, por norma nos Congressos discute-se muito pouco o partido.

Na minha opinião os Partidos em Portugal estão completamente desfasados do tempo em que vivemos. São organizações excessivamente verticais e pouco flexíveis. Não estimulam a participação dos seus militantes e não têm a capacidade de formar quadros. Investem muito em propaganda e no marketing, mas não apostam na formação e no desenvolvimentos de novas políticas. Não interagem com a sociedade civil, mas desvirtualizam o modelo com integração nas listas dos chamados “independentes”. Por exemplo, no Reino Unido quem vai nas listas dos partidos tem que ser militante. Independentes vão em listas independentes. Ao generalizarmos a integração de “independentes” nas listas dos partidos não estamos a incentivar a participação de pessoas nos partidos. É essencial conseguirmos atrair para os Partidos os melhores, credibilizando as estruturas partidárias. É possível ser-se “independente” e filiar-se num partido. Porque a independência consegue-se através da independência financeira, da atitude e do respeito pelas diferentes opiniões.

Um dos exemplos como os partidos são organizações verticais é como são feitas as listas. Por exemplo quem quiser ser Comissário Nacional, ou Concelhio tem que ir numa lista, não chega ter vontade. As listas nos partidos promovem a cultura do “chefe” e dos grupos. Por exemplo no Labour Party no Reino Unido, quem quer fazer parte dos órgão deliberativos e mesmo executivos como o Secretariado, não precisa de pedir a ninguém para pertencer a uma lista. A sua eleição será individual e escolhida pelos militantes. Os partidos são organizações onde o colectivo é a sua força, mas é preciso equilibrar com as vontades individuais. Sinceramente o modelo neste caso do Labour Party é uma alternativa que deveria ser equacionada.

Os Congressos desde as eleições pelos militantes do seu Secretário-Geral que perderam alguma da sua utilidade e na minha opinião o modelo precisa de ser alterado. Em vez de se premiar a discussão improvisada e não planeada, deveria-se premiar a discussão estruturada, sistematizada e consequente. Ou seja, as moções globais e sectorias deveriam ser elaboradas pelos militantes através de grupos ou painéis temáticos conforme foi o último Congresso em que o Guterres foi Secretário-Geral. Nesses painéis deveria ser feita uma discussão aprofundada das moções e caso houvesse sugestões deveriam ser incluídas. O objectivo era aproveitar o conhecimento e o talento dos militantes para que se desenvolvam as nossas políticas e consequentemente se sintam valorizados.

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