Sem mais! Se na primeira visita que fiz a Santiago do Chile em Novembro do ano passado tinha ficado bem impressionado com a cidade e com as suas gentes, a minha segunda visita em Abril dissipou as dúvidas que tinham ficado para trás. É um país fantástico.
Económicamente, o Chile é o país da América Latina com melhor poder aquisitivo e nível de vida dos países que compõem esta região, é uma espécie de país do “primeiro-mundo” num continente de economias emergentes.
A primeira sensação é no aeroporto, em plena ampliação porque acreditam que os tempos vindouros são de bonança. Na verdade, a viagem que fiz do aeroporto até ao hotel, foi tão tranquila num táxi de “ultima geração” e com auto-estradas iguais às que temos na Europa que o meu comentário foi, para a taxista: “Parece que estou em casa!”.
A resposta da taxista não se fez esperar, ela respondeu que efectivamente têm um país bastante moderno e com auto-estradas que causam inveja aos países vizinhos. Mas que tudo isso tem um preço e estão a pagar tudo em impostos altíssimos. Fez-me lembrar Portugal.
Chile, é o país que actualmente causa inveja a toda a América Latina. O Nível de vida é bastante superior ao dos restantes países do continente, para terem uma ideia comparativa, o seu PIB per capita (13,196$USD) é o que mais se aproxima ao português (20,429$USD), o que significa que vivem confortavelmente face à região. Apesar da enorme diferença entre Pib per capita entre ambos países, certamente alguns leitores irão pensar que estou ter uma visão distorcionada do que é a vida em Portugal, mas eu falo numa visão global. E numa visão global, Portugal vive confortavelmente, como o Chile. Já visitei imensos países no Mundo e posso garantir que o conceito de Pobreza em Portugal, é um luxo para muitos países.
O meu objectivo em Santiago do Chile era profissional, estava de visita para uma reunião com o Banco Central do Chile. E dediquei o meu (escasso) tempo livre a percorrer e visitar o centro histórico da cidade. Não escondo a minha surpresa, é um centro histórico extremamente bem conservado, limpo e cuidado, com restaurantes típicos (esqueçam a pescada chilena… eles não a comem, é tudo para exportação! Deve ser como o nosso Mateus Rosé…) para oferecer o que de melhor têm. E pelo que pude constatar o Peixe não é, de facto, o que eles comem.
Carne! Muita carne e da boa! (como eles dizem). Eles adoram um bom naco de carne grelhado.
Relativamente à cidade em geral, andei sempre tranquilo (é o país mais seguro da America Latina) e sem preocupações, podes caminhar tranquilamente por toda a cidade, até mesmo em horas tardías. Tenho amigos que vivem lá, e todos me diziam o mesmo: Aqui ninguém te assalta, podes andar tranquilo! E era assim, de facto!
Confesso que tinha uma ideia errada do Chile, pensei que era um país mais atrasado, mas não, pelo contrário! Eles querem ser do “primeiro-mundo” (termo comum na América Latina para comparar com os países da Europa e Estados Unidos), e o orgulho deles é incomensurável! Prova disso, decidiram construir o maior arranha-céus de toda a América Latina (Gran Torre Santiago, com 300 metros de altura e 64 andares) para mostrar ao mundo que eles sabem sonhar e concretizar!
No início desta crónica, disse que o Chile parecia Portugal. E é verdade! Porque apesar de terem todas as condições para viver, no caso deles, são o país com o melhor poder de compra de todo o continente, mas todos me diziam que o Chile não é um bom país para viver. É um país que oferece segurança mas pouco mais do que isso.
Fiquei confuso, claro! Porque pareceu-me um paradoxo ao que eu estava a assistir. Sei que existem problemas, por exemplo, há que mencionar que os países vizinhos (Argentina, Peru e Bolívia) não têm muito boa relação com o Chile. Entre factores de disputas de terras fronteiriças, acordos comerciais e política, que não vem para o caso nesta crónica mas, talvez tudo isto sirva para explicar um certo “isolamento” que os chilenos sentem, apesar de tudo. Afinal de contas, todos os líderes têm inimigos…
Graças ao liberalismo econômico!