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EUTANÁSIA: UM TEMA POLÉMICO

Falando de eutanásia… Nos últimos anos, é um tema que se vai abordando e de quase proibido, já chegou à Assembleia da República… e não passou.

Eu sou a favor da eutanásia, isto claro se devidamente controlada, de forma a não haver dúvida que as pessoas envolvidas tomam a decisão conscientemente e sem pressões externas.

Motivos? Para mim, a vida só faz sentido se a vivermos com o mínimo de qualidade. Uma pessoa com uma doença incurável ou em estado terminal e em extremo sofrimento físico, em sã consciência deve ter a liberdade de decidir o que fazer com a sua vida, afinal, viver é muito mais que respirar!

Claro que terá que haver regras estritas e bem específicas, de modo a que não haja dúvida que aquela pessoa não foi coagida, não foi influenciada a tomar tal decisão.

Acredito que seja uma decisão complexa, tal como também acredito que há muitas pessoas que sem qualquer esperança de voltar a ter uma vida, vejam na morte medicamente assistida a solução para o fim do seu sofrimento. Covardia? Não! É simplesmente, o direito a um fim de vida digno e calmo.

Porque penso assim? Porque a ideia do sofrimento é-me aterradora, quer seja físico ou mental e entretanto a perda da minha mãe para a doença de alzheimer, agudizou essa forma de estar na vida.

Durante anos assisti angustiada a cada perda de memória, a cada perda de competências… até perder tudo! Por um tempo ainda manteve a ternura no olhar e nas poucas e repetitivas palavras e ainda que fosse para perguntar “quem és?”, o sorriso doce que a caracterizava continuava naquele rosto ainda bonito, naquele olhar terno… Até ao dia em que até isso perdeu para a doença que lhe foi atrofiando o cérebro. E então o olhar perdeu-se no vazio, as palavras emudeceram na garganta, as mãos aquietaram no regaço e os pés já não conseguiam caminhar por eles mesmos… Passou a viver completamente isolada no seu corpo imóvel, no seu próprio e inatingível mundo ao qual não tínhamos acesso. Sentia dores? Fome? Sede? Não sei. Ninguém sabe! Mas sei que se pudesse ter escolhido, ela, tal como eu, escolheria partir.

Porém, logicamente que entendo que nos casos específicos de doenças mentais, e atendendo às características das próprias doenças e à necessidade do paciente manifestar a sua vontade inequívoca de desistir da vida, o rigor na aplicabilidade desta medida precisa ser muito bem ponderado e estruturado.

Sim, sou a favor da morte medicamente assistida, afinal, viver é estar consciente desse estado e participar, ativamente, dessa dádiva!

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