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Cidadania e Sociedade

O BOOM NO IMOBILIÁRIO

T1 a €900.000,00. Dá para acreditar? Nas Avenidas Novas, Parque das Nações, Misericórdia e na Estrela os preços roçam o absurdo. Até quando?

Em Lisboa e no Porto vivem-se tempos de auge no mercado do imobiliário. Mas muito mais em Lisboa onde os preços das casas têm atingido valores que não cabem de todo na bolsa do português comum.

Ainda esta semana, com um processo de partilha em mãos em que está em causa um imóvel em Lisboa, fiz uma pesquisa de imóveis na internet. Fiquei boquiaberta! O apartamento, em Benfica, que o casal tinha comprado há 15 anos por pouco mais de €60.000,00, vale agora cerca de €350.000,00!

Na verdade, hoje em dia qualquer apartamento T2 ou T3 custa valores na ordem dos €300.000,00. É um facto. Mesmo na periferia de Lisboa os números praticados são estes. Nem sequer é preciso falar em freguesias da capital como a de Avenidas Novas, Parque das Nações, Misericórdia ou freguesia da Estrela. Nessas localizações, então aí é que os preços roçam o absurdo. Do género: T1 a €900.000,00. Dá para acreditar?

Levantam-se por isso muitíssimas questões sobre quem compra e como compra. Podemos evidentemente justificar com o turismo, com o short-renting, com o investimento de capital estrangeiro… claro que sim! Mas os portugueses também compram, as famílias portuguesas também merecem poder comprar casa na sua cidade, até porque os valores no arrendamento são ainda mais incomportáveis.

Mas, dizia eu, que até na periferia qualquer apartamento mais recente e com uma área razoável custa à volta de €300.000,00. Quanto não dará por mês uma prestação bancária?

Sabemos que o busílis da questão se prende com as facilidades da banca que voltaram a aliciar com toda a força o consumidor. Depois da crise mundial no mercado de 2008 e que se prolongou sensivelmente até 2014, percebemos que os bancos voltaram a fazer empréstimos quase na totalidade do valor dos imóveis adquiridos e que os juros, pese embora já tenham começado a subir, atingiram recentemente níveis negativos históricos.

Mesmo assim, uma família que compre uma casa de €300.000,00, pedindo por exemplo um empréstimo de 80% do valor a 30 anos, vai pagar de prestação mensal ao banco mais de €900,00. Num país com tanta precariedade laboral e com ordenados tão baixos, parecem-me estes números completamente desfasados da nossa realidade económico-social.

O certo é que assistimos a toda a hora a anúncios de bancos a oferecer crédito fácil, verdadeiros convites a contratar. Incentivos a dar passos maiores que as pernas! Ouvimos discursos políticos de um optimismo cor-de-rosa e insensato, ouvimos quem nos governa dizer que a austeridade já era, apesar de a continuarmos a sentir, e de que maneira, quando entregamos a nossa declaração de IRS ou quando atestamos o carro. Uma irresponsabilidade política a troco de manobras propagandísticas inaceitáveis.

Aprendemos pouco com os erros do passado recente. É que esta atitude insensata dos governantes e desenfreada das instituições bancárias pode vir a voltar a lesar os direitos mais básicos de uma sociedade, como em 2008 aconteceu: o direito a ter a nossa casa, o nosso emprego e que este nos garanta um rendimento capaz de ter e educarmos os nossos filhos.

Basta a taxa de juro começar a subir em flecha… basta que esteja já a ser “fabricada” uma nova crise… E, aí, os muito ricos ficarão com toda a certeza ainda mais ricos.

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