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ARGENTINA: UM PAÍS VIBRANTE CHEIO DE HISTÓRIA E MÍSTICA

Na minha última viagem pela Argentina, em Abril, tive a oportunidade de conhecer melhor a sua capital, Buenos Aires, uma cidade vibrante e cheia de energia.

A Argentina é um país peculiar, por razões históricas que confluem numa situação actual que não espelha o seu passado. É um tema que, per si, dava para vários artigos de opinião. Vou limitar-me a escrever, para que o leitor entenda em poucas linhas, como é a mentalidade dos argentinos e isso ajuda a compreender os actuais problemas desse país sul-americano.

Históricamente, a Argentina foi um país de acolhimento de muitos emigrantes pelo seu potencial e riqueza em recursos naturais. Uma região rica onde, de alguma forma, tudo gira à volta do dinheiro ou da riqueza. Vejamos o nome do país, Argentina, vem da palavra Argento que significa dinheiro. Esta cidade é banhada pelo rio Prata, por alusões obvias. Ainda hoje, a palavra “prata” é a mais corrente para a palavra “dinheiro” que pouco se usa por estes lados.

Quando um argentino fala de “plata”, está a falar de dinheiro.

Sendo um dos maiores países da América Latina, este país foi um autentico “El Dorado” nos séculos XVIII e XIX. Ainda hoje é a segunda maior economia da América do Sul, sendo na globalidade, a vigésima primeira economia a nível mundial, integrando o G20 pela sua importância geo política no mundo. Toda esta importância não se reflete, contudo, na carteira dos argentinos ao terem um Pib per capita de “apenas” 13,000 dólares anuais (metade do português).

A história mais recente trouxe um “corralito” (bancarrota) no anos 90 e que ainda hoje está presente na memória de todos os argentinos. Por coincidência, no dia em que estou a escrever esta crónica (8 de junho 2018), a Argentina formalizou hoje (mais) um resgate financeiro de cerca de 42 mil milhões de dólares.  Não aprendem a gastar menos do que a riqueza que gerem, está-lhes no sangue.

A mentalidade dos argentinos continua impoluta na sua essência, eles têm um enorme orgulho pela sua nação e acreditam piamente serem melhores que os outros, principalmente que os seus vizinhos brasileiros ou chilenos! E não estou a falar em futebol…

Em Espanha, por exemplo, costuma-se dizer que “o melhor negócio do mundo é comprar um argentino pelo que ele vale e vendê-lo pelo que ele pensa que vale”… tal é o ego dos argentinos e reputação deles em Espanha.

Na minha visita a Buenos Aires pude constatar que eles são, de facto, bastante optimistas e confiantes neles mesmos. Apresentaram-me um país que só tinha coisas boas e que tudo o que havia de mau tinha sido importado. Basicamente, é esse o meu resumo da minha visita…

E só lá estando podemos compreender esta mentalidade. Porque a Argentina é, sem dúvida, um país fantástico, imenso e cheio de recursos, com explorações agrícolas gigantes, uma população que luta pelos seus ideais (tive oportunidade de participar numa manifestação para sentir como era a sua forma de protestar… cheia de cartazes mas também com muita carne argentina na brasa porque manifestar de barriga vazia não é com eles) mas, e porque há sempre um mas, é gerido normalmente por gente menos honesta ou que cede às pressões de terceiros.

E isto frustra uma população inteira. Quando vês que não importa o esforço que fazes porque no final a factura cai sempre para os mesmos, isto gera descontentamento e fomenta o aparecimento da economia paralela. E esse é um dos grandes problemas da Argentina, a economia paralela ou informal, segundo quiserem chamar-lhe.

Um país não pode sair do terceiro-mundo e prosperar com corrupção e com os contribuintes a esquivarem-se ao máximo de pagar impostos. Porque isso não permite que os governos possam melhorar as suas infraestruturas, escolas, hospitais, vias públicas, etc.

A Argentina tornou-se num país onde o mais importante é ganhar dinheiro para poder pagar as suas próprias despesas (porque sabem que do governo não terão nada), e isto gera um capitalismo desenfreado que culmina numa dicotomia económica onde os mais ricos têm tudo e os mais pobres nada têm. Viver num país cheio de recursos e de oportunidades, onde a iniciativa privada é levada ao expoente máximo, e ver uma população que não consegue poupar ou investir, pode ser frustrante.

Daí que na Argentina, quem consegue subir na vida é muito bem visto pela sociedade. Muitos não conseguem mas aparentam que o conseguiram e sabem viver assim. Como dizia alguém, viver não custa, custa é saber viver. E os argentinos são assim, o Tango faz juz  à história da Argentina.

Na próxima semana irei falar da minha visita a Miami (Florida, E.U.A.), a cidade norte-americana que transformou-se no mais importante centro financeiro e de negócios para a América Latina.


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