Cultura, Literatura e Filosofia

PERDER

É depois de se perder que somos obrigados a enfrentar uma prova ainda maior do que aquela a que anteriormente nos expusémos.

Mas se pensamos que não estávamos a jogar ao ganhar/perder é porque já estávamos a perder porque não dávamos conta que ganhávamos só com a continuidade da vida, o sorriso que se duplica ou uma noite de sono tranquila. Não valorizar o que temos é uma perda.

A vida é frágil não importa que a tecnologia nos endeuse, que o mundo se torne apressado a ponto de mal nos deixar ver os segundos a passar ou que morte esteja escondida e pareça distante.

Perder é sempre um desafio, mas nunca o é para nós naquele momento, só depois, por vezes tão depois, quando sentimos que a perda nos trouxe algo de bom, ou então, quando damos conta que a vida sempre se manobra até conseguir a sua continuidade.

Se a perda é dor, também é liberdade. Um recomeçar exigido, uma recomposição das partes que desabaram, um recolher para conseguir seguir; um raio que nos atinge para a finitude, uma chamada de atenção, um intervalo para nos convocar para as nossas verdadeiras paixões.

A vida é fugaz, leva-nos para a frente mas por vezes também nos deixa para trás. E até ao último esquecimento devemos aceitar a perda. Isso é ganhar.

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