Continua-se a insistir que a homossexualidade é uma opção. Sejam sinceros, ainda não estão muito familiarizados com o termo e os nomes que se interligam. Talvez não seja com o termo, mas com os afectos – possíveis e que existem – entre pessoas do mesmo sexo (ou talvez o problema seja a barba, no caso dos homens). É muito diferente e talvez seja pior do que eu imaginava. Temos que tomar atenção a este facto e reflectir: afectos.
(Não optei em ser homossexual, optei pelo afecto. O afecto é que é uma opção. Lá em casa também não estavam familiarizados, mas optaram pelo amor. Reconheceram os seus próprios valores e que eu não estava errado, “cada um É”. Isto não significa que não se chorou, que não se pensou em tudo… existiu silêncio, como existiram abraços. É difícil calcular como será o depois no ontem.)
O afecto é uma necessidade humana, é visível e importante que exista. E quando falo de necessidade, falo no sentido de que o mundo precisa de afecto, precisa de pessoas que se amem de verdade, sem rótulos. Eu abolia todos os termos que nos colam, porque os próprios termos fazem com que as pessoas sejam diminuídas. A palavrahomossexual deveria deixar de ser dita. Quando apresentas alguém dizes “este é fulano, cicrano, beltrano…” não dizes “este é o meu amigo heterossexual ou homossexual…”.
Não precisamos estar todos de acordo ou aceitar o que seja, devemos evitar maneiras de falar susceptíveis de ferir – psicologicamente ou fisicamente – os outros com vontade de vencer. As pessoas ainda não conseguem entender o efeito que uma palavra mal aplicada pode ter. As pessoas têm um nome próprio, um rosto, nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
Muitas pessoas sobrevivem graças ao afecto, diminuindo a sua angústia, a sua frustração de liberdade (liberdade condicionada pelo outro) e por vezes a solidão que os acompanha (são raras as pessoas que não se importam com o que os outros pensam a seu respeito). Somos uma minoria, que esconde os seus sentimentos e tem que observar cuidadosamente o local para demonstrar afecto pela pessoa que ama.
Como tudo está diferente hoje em dia; mas… estamos muito longe de conhecer o mistério dos afectos, apenas lhe damos a volta. Tranquiliza-te, um beijo nunca fez mal a ninguém, um abraço muito menos. Sabes que isso significa?
Excelente artigo.
Proponho a leitura de http://insensato.pt/ninguem-e-de-ninguem-101026 e http://insensato.pt/a-tua-orientacao-sexual-nao-e-uma-99220
Abraço,
PP