Inicio hoje a minha colaboração com a BIRD Magazine, agradecendo o convite que me foi dirigido pelo Ricardo Pinto. Um cumprimento muito especial para a Dra. Fátima Lopes Carvalho, que também colabora com a BIRD.
Nada melhor do que iniciar com um tema actual, relacionado com a minha área profissional, a Fisioterapia. A criação da Ordem dos Fisioterapeutas é um passo decisivo para a melhoria das condições de intervenção dos profissionais desta área. A Fisioterapia, no que diz respeito à sua classificação enquanto profissão (segundo a Classificação Nacional de Profissões de 2010) está incluída no mesmo grupo – grupo nº 22 , Profissionais de Saúde – onde também se encontram os Médicos, os Enfermeiros, os Nutricionistas, os Farmacêuticos e os Médicos Dentistas.
E isso acontece por um conjunto muito claro de razões: a formação inicial em Portugal atribui aos Fisioterapeutas mecanismos de diagnóstico e avaliação das patologias dos doentes, para além do conjunto de formações complementares que especializam os Fisioterapeutas em determinadas técnicas. E também lá fora, quer a Organização Mundial de Saúde, quer a Comissão Europeia, consideram a Fisioterapia como uma profissão autónoma.
É por isso essencial a criação da Ordem para regular a prática profissional em Portugal, o que trará consequências muito positivas, quer para os profissionais, quer para os utentes. A possibilidade de, através da Ordem, regular a componente ética e os padrões de prática clínica permitirá que os doentes tenham acesso a tratamentos verdadeiramente eficazes e de acordo com as regras, quer do ponto de vista científico, quer do ponto de vista ético. Quem nunca ouviu, de um familiar ou amigo, que “se não fosse a Fisioterapia, ele não tenha recuperado tão bem”? Quem não ouviu, de um familiar ou amigo, que “se não fosse a Fisioterapia, ele já estava acamado”? Naturalmente que o trabalho de equipa, em conjunto com as outras profissões é essencial, para não dizer obrigatório. Mas a criação da Ordem não interfere com essa necessidade de trabalho em equipa, apenas regula e garante as melhores práticas. O Fisioterapeuta permite uma transição adequada entre o momento da doença e o momento do regresso ao activo, em conjunto com o doente, no momento e nas condições certas. Reeducar e prevenir são conceitos cada vez mais presentes na prática diária, proporcionado aos doentes o acesso a um conjunto de técnicas cada vez mais adequadas às suas patologias. Nos últimos 20 anos, a Fisioterapia mudou muito e mudou para melhor. Não podemos olhar para o Fisioterapeuta como um simples “aplicador de técnicas” porque, na realidade, não é isso que se verifica no dia-a-dia. Tal como na Nutrição, na Enfermagem ou na Medicina Dentária, somos todos capazes de elaborar raciocínios clínicos em função dos dados que os doentes nos apresentam.
Caminhamos, a passos largos, para a concretização da Ordem dos Fisioterapeutas. O primeiro passo está dado, com a aprovação da lei na generalidade, na Assembleia da República. Vamos ao resto! Um abraço para todos!