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NA INCOMPARÁVEL PEQUIM

Falar em Pequim é difícil, comer é difícil, mas é seguramente uma das cidades onde relaxar é mais fácil. Por incrível que pareça.

É incomparável. Não vale a pena pensar no que já conhecemos da Ásia ou das capitais do mundo. Pequim é incomparável. Na sua dimensão, nos seus imensos contrastes, na sua luta diária para a civilização acompanhar o passo adiantado da grande evolução económica do país. Na verdade, Pequim é a capital de um país muito grande e muito pobre. Com muita gente, mas com níveis de educação fora dos padrões a que estamos habituados. Onde encontrar quem fale inglês é (quase) agulha no palheiro.

Não se vai a Pequim sem ter noção de meia dúzia de locais que queremos realmente visitar: A Cidade Proíbida, Tiananmen, a Muralha da China, o Palácio de Verão, o Templo do Céu, o Templo Lama… São o que de resto é normal e obrigatório visitar e cuja história é contada nos guiões turísticos. Precisaria de pelo menos uma crónica para um cada um deles. Acho, porém, que vale mais a pena descrever o que senti e como me senti na cidade onde é quase tudo estranho.

Só no verão, e com alguma sorte, se consegue ver o céu azul e o sol em Pequim. No verão porque abranda a produção das fábricas e fabriquetas, aos milhares, nas redondezas da cidade. A poluição não está minimamente controlada. Com sorte apanhei alguns desses dias, mais puros, na cidade. E posso dizer que, para o bem e para o mal, a vivi de olhos em bico.

Uma cidade com o equivalente a sete VCIs, de onde se avistam condomínios gigantescos onde vivem milhares e milhares de pessoas. Uma cidade com grandes avenidas, na sua parte mais central, mas atravessadas por inúmeros bairros operários localizados em becos no meio da cidade, com casas de 15m2 onde vivem famílias inteiras – são os Ulong. Uma cidade onde a loja da Apple é ainda maior que a de Nova Iorque. Onde o parque automóvel é de pasmar, mas onde, por outro lado, abundam motoretas e bicicletas de todas as formas e feitios, que se cruzam e entrecruzam nas alcatroadas avenidas a cada instante sem rei nem roque e que conseguem organizar-se no meio da desorganização. De outro modo, só por milagre não vi nenhum acidente de viação!

Falar em Pequim é difícil, comer é difícil, e não vale a pena dizer que gostamos dos pratos dos nossos restaurantes chineses porque não tem nada a ver! Mas é seguramente uma das cidades onde relaxar é mais fácil. Por incrível que pareça. A quantidade de parques com lagos gigantes no meio da cidade convida a isso mesmo. Entrar num daqueles parques ajardinados, com música ambiente. Ver gente a ler, a conviver, a fazer jogos, a tocar música, ou simplesmente a praticar a escrita dos caracteres chineses escrevendo-os no chão de pedra com um pincel gigante molhado em água! Ali, naqueles parques, a cereja no topo do bolo é alugar um barco, tipo carrinhos de choque, e navegar no lago com os pagodes nas margens. Daqueles momentos em que estamos apenas connosco e com o deus em que acreditamos, num cenário de calendário chinês de parede. Mesmo isso.

Do portão para fora desses parques, a cidade mexe-se em turbilhão. Apanha-se um táxi e por 1 ou 2 euros atravessamos a cidade de uma ponta à outra. É obrigatório levar escrito em chinês o local para onde desejamos ir. Senão não vamos.

Anoitece e a cidade mergulha num jogo de néons espectacular. À filme, mas tudo em chinês. Nos lagos vêem-se lanternas chinesas a boiar. Só dá vontade de fazer o ritual do chá, apesar do calor, e entregarmo-nos em plena rua ao sabor do chá chinês. Ulong tea, de preferência. Aquele que, como lá aprendi, sabe sempre melhor se nunca lavarmos o bule.

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