As Juntas de Freguesia assumem-se obviamente e desde logo como um serviço de proximidade na defesa dos interesses das populações do respectivo território.
Como autarquias legalmente constituídas, as Juntas ou Uniões de Freguesias não são apenas organismos públicos, eleitos periodicamente, para tratar dos problemas pessoais dos fregueses, o que obviamente é meritório e fundamental.
Também não é suficiente que esgotem a sua acção, enquanto autarcas, no betão e no alcatrão, nas estradas, nos caminhos, nas pontes, nos muros, por relevantes que sejam, e são!
Nem que a prioridade seja apenas a acção social, o apoio domiciliário, os centros de actividades de tempos livres, ou a componente de apoio à família. Não chega levar os idosos à praia ou ao passeio anual a Fátima, nem promover para eles uma festa em cada Natal.
Tudo é necessário, sem a menor dúvida, numa altura em que o dinheiro escasseia e os recursos têm de ser bem aplicados no sentido da satisfação das exigências e necessidades das populações.
As Juntas existem para olhar por toda a população, os mais e os menos carenciados, os mais e os menos letrados, os analfabetos e os escolarizados.
É assim que, satisfeitas as necessidades basilares dos povos, é gratificante verificar que as Juntas e Uniões de Freguesias começam a diversificar os seus investimentos e as suas prioridades, apostando em novas áreas, como a dinamização cultural, a criação de eventos, a recuperação do património, a reflexão crítica do que vai acontecendo em redor.
Vamos assim assistindo, e ainda bem, pelas freguesias, por iniciativa própria ou em parceria com entidades públicas ou associações locais, à edição e lançamento de obras literárias, à organização de percursos pela história e memória da terra, a oficinas de teatro, de dança ou de instrumentos musicais, à exibição de cinema ou de teatro, à promoção de festas e eventos de recriação e vivificação de tradições, usos e costumes de outras eras, para que a memória não se perca. E a tantas outras iniciativas, que levam a cultura descentralizada às freguesias, ou que levam as freguesias à descoberta de si próprias e do seu potencial cultural e criativo.
As populações das freguesias têm o mesmo direito à criação e fruição cultural e artística, como têm as cidades e vilas sede dos municípios, o que finalmente começa a frutificar nos meios mais pequenos, em que a proximidade é maior e em que a cultura é mais sentida, vivida e até apreciada.
E retirar as populações ao consumo e dependência do lixo televisivo que enxameia os nossos ecrãs acaba por ser a melhor atitude cultural para todas as idades e em todas as localidades!!!