Recordo-me de bocadinhos de estrada. Sei que, quando íamos para lá, passávamos por aquele amontoado de cones gigantes, ou tubos, ou sei lá mais o que lhes chamava, que os meus pais diziam ser onde se fazia a gasolina para os carros. Quase sempre um avião gigante (porque estava a descer) passava quase por cima de nós, e quase sempre no regresso a casa os meus pais vinham por um caminho diferente e estacionavam num larguinho qualquer que ladeava o aeroporto “Pedras Rubras”, o Sá Carneiro.
Comíamos os restos do que se levava para o dia todo. Às vezes ainda lanchavamos os restos de frango estufado e do arroz com ervilhas, que nesses dias, não sei porquê (ou até sei), sabia sempre melhor.
Mas voltando ao destino inicial, havia um monumento de pedra, grande e pontiagudo. E umas canas, maiores que nós, que ladiavam as casas-de-banho.
As casas-de-banho ainda são iguais. Há uma esplanada com café e pratos do dia que não existia. O restaurante, esse, continua igual. Pelo menos do lado de fora.
O mar parece mais bonito, agora.
Olhei para os meus filhos e lembrei-me de mim e da minha irmã, da infância tão infância.
Olhei para as rochas que permitiam a formação de lagos e fui criança com as crianças pequeninas e consolamo-nos de chapinhar (nenhum de nós sabe nadar).
Desta vez não havia frango nem arroz com ervilhas, mas estavam os meus pais e os meus filhos e a memória feliz da praia da memória que é
História:
e faz cócegas.