Todos somos colocados á prova em momentos difíceis, momentos em que alguém nos faz algo cruel. Atos que nos provocam dor, repúdio, desorientação.
E não é fácil ultrapassar essas situações ao sermos confrontados com a necessidade de perdoar ou com o pedido de perdão.
É preciso saber que, mesmo que quem nos magoou não pretenda o perdão, nós podemos perdoar. Por nós! Pela nosso bem estar. O perdoar é o dom gratuito de quem é ofendido a quem ofende, independentemente de nos ser solicitado ou não e, na verdade, como já li várias vezes, guardar rancor é uma pedra na alma.
O mais importante será conseguir perdoar para encontrarmos o nosso caminho, o nosso equilíbrio, e não para que quem nos magoou se possa sentir isentado do mal que fez.
O tempo avança mais depressa do que a capacidade de perdoar e as feridas demoram muito a cicatrizar, por isso não basta deixar o tempo passar nem tentar esquecer. Até porque esquecer não é perdoar e o que magoa profundamente não se esquece.
A falta de perdão pode impedir que avancemos na nossa vida. Pode limitar o nosso desenvolvimento e a nossa felicidade. Assim como uma âncora de um navio que sem ser solta não permite o avanço.
Quando nos é transmitido um arrependimento, um remorso ou uma confissão, o melhor caminho é o diálogo, a compreensão e a capacidade de se rever na posição do outro. O tão receado cara a cara pode ser o primeiro passo.
O passado é inalterável, mas se ao olhar para o passado, nos permitirmos alterar a forma como o interpretamos, será possível iniciar o processo do perdão. A dor muitas vezes limita a perspetiva do que se passou. Uma análise posterior geralmente permite uma avaliação mais real do que se passou.
Se não formos capazes de perdoar os outros também não seremos merecedores quando o nosso dia chegar. E não duvidem que chega!
Uma das formas de saber se realmente perdoamos é analisando o número de vezes e o tempo despendido a pensar no assunto ao longo de um dia, bem como a intensidade da dor que sentimos quando pensamos no assunto. Neste caso o tempo é um bom aliado.
Perdoar o perdoável é possível e aconselhável.
Mas há coisas que não se conseguem nem se devem perdoar. Há situações irrecuperáveis, irremediáveis, irreversíveis. Nesse caso temos de aprender a viver após os acontecimentos.
Dependendo das situações, poderemos conseguir alguma paz interior através da justiça ou da punição. O ver o sofrer de quem nos magoou é muitas vezes o que se anseia… mas nem sempre é justo e geralmente não traz o alívio desejado.
Mais difícil será perdoar o imperdoável. Ultrapassar uma situação com forças sobre-humanas para conseguir avançar na vida. Perdoar só dentro de nós, não como sinónimo de que não faz mal, de que está tudo bem, mas como uma despedida de um sofrimento que nos afunda no passado. Perdoar e seguir em frente…
Perdoar para sobreviver…
Dá que pensar não dá?