Nascido em 1890, Mário de Sá-Carneiro é órfão de mãe com apenas dois anos, sendo entregue ao cuidado dos avós na Quinta da Vitória na freguesia de Camarate às portas de Lisboa começa a escrever poesia aos 12 anos. Em 1911 vai para Coimbra onde se matricula na Faculdade de Direito, mas nem sequer conclui o primeiro ano. Desiludido, segue para Paris a fim de prosseguir os estudos superiores em Paris, mas cedo, deixou de frequentar a Sorbonne em Paris, deambulando pelos cafés e salas de espetáculo, e onde culminou na ligação emocional a uma prostitua de Paris. Na capital francesa viria a conhecer o pintor Santa-Rita. Foi também ainda em 1912 que conhecera Fernando Pessoa, sendo o seu amigo e confidente. Entre 1913 e 1914, Mário Sá-Carneiro viaja para Lisboa devido ao conflito, que mais tarde se tornou o conflito da Primeira Grande Guerra mundial.
Mário de Sá-Carneiro escreve ao seu confidente Fernando Pessoa:
Paris – 31 Março 1916, Meu Querido Amigo.
A menos de um milagre na próxima segunda-feira, 3 (ou mesmo na véspera), o seu Mário de Sá-Carneiro tomará uma forte dose de estricnina e desaparecerá deste mundo. É assim tal e qual – mas custa-me tanto a escrever esta carta pelo ridículo que sempre encontrei nas “cartas de despedida”… Não vale a pena lastimar-me, meu querido Fernando: afinal tenho o que quero: o que tanto sempre quis – e eu, em verdade, já não fazia nada por aqui… Já dera o que tinha a dar. Eu não me mato por coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias – ou melhor: fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a meus olhos, não há outra saída. Antes assim. É a única maneira de fazer o que devo fazer. Vivo há quinze dias uma vida como sempre sonhei: tive tudo durante eles: realizada a parte sexual, enfim, da minha obra – vivido o histerismo do seu ópio, as luas zebradas, os mosqueiros roxos da sua Ilusão. Podia ser feliz mais tempo, tudo me corre, psicologicamente, às mil maravilhas: mas não tenho dinheiro. […] in Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, ed. Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2006, p. 179-280
No dia 26 de abril de 1916, Mário de Sá-Carneiro teria ingerido cinco frascos de estricnina no seu quarto do Hotel de Nice, em Paris, hoje, Hotel des Artistes, no n.° 29 rue Victor-Massé, onde hoje, e, por iniciativa do embaixador de Portugal em Paris, António Coimbra Martins, existe uma placa que assinala o edifício onde Mário Sá-Carneiro se suicidou. Este lugar, não é muito longe da Praça de Pigalle e do Moulin Rouge, onde existem inúmeros cafés, bares, que Mário Sá-Carneiro teria frequentado durante os quatro anos em que viveu na capital francesa. Em 1949, a Câmara de Lisboa, homenageou Mário Sá-Carneiro, dando o seu nome a uma rua junto à Avenida da Igreja no Bairro de Alvalade.