“Entre marido e mulher ninguém mete a colher” era o provérbio popular que antigamente regia a vida dos nossos avós. A violência doméstica existente na altura era vista com normalidade, o homem era o sustento da casa e isso dava-lhe o direito de elevar o tom de voz, descarregar as frustrações de um dia de trabalho ou até do mau resultado do seu clube de futebol.
Nessa altura, as mulheres viviam para o marido, para a casa e para os filhos. A dependência económica e a vergonha dos olhares reprovadores da sociedade, fizeram com que a maioria aguentasse uma vida de dor e sofrimento.
Normalmente, quando pensamos em violência doméstica, associamos logo a violência física exercida por um parceiro mas, a violência doméstica é muito mais do que isso.
Em alguns casos, existe uma manipulação psicológica. Começa em pequenas coisas, e aos poucos e antes que a vítima se aperceba, o abusador já controla todos os aspetos da sua vida. Deixam de ter amigos, o contacto com os familiares é controlado e aos poucos deixam de ter vida social.A privacidade deixa de existir, passwords, acesso a contas e históricos são também uma forma, mais recente, de controlar o parceiro. Os ataques de fúria, utilizando violência verbal, são muitas vezes ainda mais dolorosos que a própria violência física. Existe também o uso dos filhos como forma de controlar a vítima, com a ameaça de rapto ou da custódia dos mesmos.
Hoje em dia, a violência doméstica tem ultrapassado a questão das gerações. A violência exercida sobre idosos é, muitas vezes, causada por parentes diretos da vítima. Também a violência no namoro tem aumentado, sob todas as formas: física, psicológica ou até por perseguição à distância, em que o namorado ou namorada, tenta saber todos os passos do seu companheiro.
Contudo, com a evolução da sociedade e com a emancipação da mulher, que foi adquirindo poder e conhecimento, a violência doméstica é neste momento um crime publico e existem várias associações e organizações de apoio às vítimas, que hoje em dia também já acontece sobre os homens, mesmo que em número muito reduzido.
No entanto, apesar de todo o progresso feito no apoio às vítimas de violência domestica há ainda um longo caminho a percorrer uma vez que o número de vítimas, em muitos casos mortais, tem vindo a aumentar nos últimos tempos, mas acredito que haja ainda um número muito superior de vítimas, que por vergonha ou por medo, preferem esconder ou acreditar que um dia tudo vai melhorar e que o amor irá prevalecer!
É importante que as pessoas percebam que quem ama, não humilha, não ofende, não agride, não controla!