
Novos estudos do conhecido “Stonehenge Alemão” destacam informações que lançam um novo olhar sobre este tipo de monumentos. Evidências de um sacrífico, enterramentos ritualistas e a possível destruição do sítio por volta 2050 a.C. são algumas das descobertas feitas pelos arqueólogos.
Localizado a 132 km Sudoeste de Berlim perto da localidade de Pömm

elte, este henge foi identificado a partir dos céus, quando em 1991 passageiros num avião que sobrevoava a zona repararam em depressões no terreno de forma circular, o maior dos quais, com 115 metros de diâmetro, porém ao contrário do seu homologo inglês este monumentos foi erigido em madeira. A sua ocupação deu-se entre 2300 a.C e 2050 a.C. durante a transição do Neolítico para a Idade do Bronze sendo contemporâneo do Stonehenge.
Agora, após escavações terem sido realizadas a história deste local adensa-se. Começando pela descoberta do que segundo os investigadores parece ter sido um ritual de sacrifício. Arqueólogos encontraram crânios fraturados e ossos das costelas de mulheres e crianças enterrados em poços juntamente com machados, vasos para bebida, ossos de animais e moinhos de pedra.
Ao que parece as vítimas foram atiradas ou empurradas para dentro dos poços, e pelo menos um dos adolescentes estava com as mãos amarradas, disse o investigador principal do estudo, André Spatzier arqueólogo pelo Estado Alemão na Preservação de Monumentos Históricos em Baden-Württemberg. Existe a hipótese dos corpos serem o resultado de um ataque, mas os pesquisadores estão mais inclinados para que tenha sido um ritual de sacrifício pelo facto de haver homens adultos entre os sepultados e a maneira ritualística em como os corpos foram enterrados juntamente com objectos.
Por outro lado e noutra face do monumento foram encontrados pelo menos 13 enterramentos de homens com idades entre 17 e 30 anos que ocorreram antes do lugar ser destruído, um foi datado de 1900 a.C.. Ao contrário do outro grupo, neste enterramento não há evidências de ferimentos nas ossadas e o enterramento foi feito de forma cuidadosa e cada um tem a sua sepultura, nenhum deles foi sepultado com objectos.

Para além disto tudo ao que parece e como já referi em cima o henge foi segundo o investigador destruído de forma ritualística por volta de 2050 a.C. quando a principal ocupação do sítio chegou ao fim. Para suporta
r esta teoria está o facto dos buracos de poste do monumento estarem cheios de artefactos, sendo que um estava cheio de cinzas, provavelmente as estacas de madeira carbonizadas, cinzas e artefactos datam do mesmo período, 2050 a.C..
A título arquitectónico e ao contrário do que acontece com o Stonehenge em que as pedras foram moldadas e montadas para enquadrar em dois importantes eventos no calendário solar o pôr-do-sol no solstício de Inverno (dia mais curto do ano) e o nascer do sol no solstício de Verão (o dia mais longo do ano) o henge Pömmelte tem as suas quatro entradas alinhadas com as datas a meio caminho entre os equinócios (que ocorrem duas vezes por ano na Primavera e no Outono e em que os dias e as noites tem 12 horas cada) e os solstícios. Segundo Spatzier essas eram as datas importantes para o cultivo e colheita agrícola.
Pouco pode ser inferido sobre o papel que estes monumentos desempenharam nas culturas neolíticas. Sabemos que muitos estavam alinhados ao sol e às estrelas e há traços de caminhos cerimoniais. Agora sabemos que houve sacrifício humano e que pelo menos este foi encerrado de forma ritualística para além de fica demonstrado que este estilo arquitectónico não se limita só às Ilhas Britânicas como muitos acreditavam, mas pode ser encontrado um pouco por todo o Velho Continente. As peças deste puzzle começam a juntar-se e com a descoberta e estudo de novos henge (ainda recentemente no País de Gales, uma onda de calor pós à vista as depressões de um monumento deste tipo) permitiram elucidar ainda mais sobre as funções que estes espaços tinham para as comunidades que os ergueram.