Em 11 de Setembro de 2001, o mundo foi confrontado com um ato de terror que não deixou ninguém indiferente. Independentemente das opiniões, tratou-se de um ato atroz, vil, hediondo, que ceifou em duas penadas, milhares de vidas. Terá sido a consequência de muitos outros atos atrozes e foi, sem dúvida, a causa para muitos mais. Mas a realidade é que se tratou de um marco.
O mundo uniu-se, ou assim o quis dar a entender, para que de forma mais concreta esses atos não fossem mais repetidos. Foram retirados direitos individuais aos cidadãos, vivemos todos sob o escrutínio constante de um big brother que desconhecemos, as autoridades foram dotadas de mais poderes de prevenção pela coerção e todos os sistemas mudaram para uma configuração altamente preventiva e reativa.
O negativo marco que ficou deveria ter funcionado de forma positiva, mas tal não aconteceu. Como se de uma espiral viciada se tratasse, o mundo continuou a girar em torno da violência. Foi de ato em ato, milhões foram assassinados, violados, denegridos, atacados, mutilados, perseguidos e obrigados a ver o que nunca ninguém deveria ser obrigado a ver. O mundo continuou a girar em torno do seu próprio mal.
Desse marco, deveria ter surgido uma resposta positiva, e essa resposta positiva teima em não aparecer. Justiça social, equidade social, respeito pela diversidade, apoio aos países mais carenciados e explorados pela civilização ocidental durante séculos.
Esta resposta positiva continua a tardar em aparecer porque aqueles que detém maior riqueza e jogam essa riqueza na sedutora milonga do poder, continuam o exercício, momentaneamente seguido por Cristo de repudiar o cálice que lhe tinha sido confiado, o cálice de sacrificar o que se tem para que outros possam ter igualmente.
Afinal, tudo que é pedido é apenas um pouco de egoísmo, porque não existe maior egoísmo que ser altruísta. Se todos estiverem bem, ninguém nos consumirá com problemas.
O cálice que foi confiado a Cristo não é mais que a Humanidade, que mais que uma designação de raça, é uma conquista de evolução do nosso ser, por milhões de anos e que nos dotou da capacidade de sentir e de descodificar as mensagens que recebemos dos nossos sentidos e transforma-las em mensagens de compreensão, de amor, de fraternidade, de cooperação.
Enquanto não abdicarmos deste looping viciado e homicida, nunca conseguiremos avançar e a única coisa que haveria a retirar de todas estas mortes, que seria a nossa aproximação enquanto cidadãos do mundo, continua a não fazer sentido.