No final de 2016 surgiu um boom em volta de um livro chamado “Hygge”. Toda a gente comentava e queria ler o segredo dinamarquês para a felicidade. Na altura apenas comentei o livro mas nunca me despertou grande interesse porque não sou muito dada a livros de autoajuda e similares. Aqui há dois meses decidi comprá-lo. Aproveitei uns descontos que tinha na wook e decidi arriscar. A Dinamarca não é um dos países mais felizes? Então algum segredo deve ter…
“E então Raquel o que aprendeste para seres mais feliz?” – Dizem vocês. Segundo o livro, que li numa tarde, aprendi que o segredo da felicidade é juntar amigos e família, ter a casa com a iluminação correta, ter velas e acender para dar um ambiente mais íntimo, comer doces, calçar meias de lã e pôr os pés à lareira, entre outras coisas bonitas, idílicas e nada que já não soubéssemos. Achava eu que ia encontrar ali a frase que me levaria a ser feliz a vida toda.
“Mas não és feliz?” – Perguntam. E eu faço a mesma pergunta: “Vocês são felizes?”. Isso de se ser feliz é muito subjetivo. Se a felicidade é aquilo que o livro diz, só me falta saber fazer bolo de chocolate para ser plenamente feliz. Se a felicidade é ter um teto para dormir e comida para me alimentar então também sou imensamente feliz. Se a felicidade são aqueles amigos que estão lá para festejar, dançar, cantar, passear comigo mas também estão lá para partir para a guerra em minha defesa sou das pessoas mais felizes do mundo. Se é ter uma família grande, barulhenta e meia disfuncional idem aspas. Se a felicidade é ter alguém que me espere todos os dias com ansiedade e me adora como se eu fosse a melhor pessoa do mundo então o meu Charlie faz-me plenamente feliz. Agora se a felicidade é aquele cliché de ter um amor para a vida toda já fui. Ou se a felicidade é dinheiro então é que já fui mesmo.
Acima de tudo acredito que a felicidade vem de nós. Como a beleza. Sai de dentro para fora. Se nos sentimos bem, se confiamos em nós, mesmo nas alturas de desânimo, ou mais tristes, conseguiremos dar a volta e encontrar a felicidade nas pequenas coisas. É como digo, para vocês a felicidade pode ser o vosso clube do coração ser campeão, conseguirem a promoção esperada no trabalho, casar… Para mim pode ser simplesmente o cheiro de um livro novo, uma viagem marcada, um fim de tarde à beira mar, uma brandada de bacalhau feita pelo meu pai, a gratidão de um amigo… Há muitas formas de se ser feliz. Apenas temos que as procurar. Haverá segredo? Não sei. Mas se o segredo existir com certeza que se encontra algures dentro de nós.