Quando colocamos uma expetativa sobre algo ou alguém e a realidade vem mostrar uma coisa bem diferente daquilo que desejávamos estão criadas as condições para a desilusão se alojar dentro de nós e alimentar uma tristeza imensa e um stress emocional intenso. A desilusão para além de ser uma das piores dores é um sentimento castrador, pois tem a capacidade de se apoderar da mente para alimentar o desgosto, e até a raiva, mas também para tentar destruir a esperança.
As certezas abstratas são muitas vezes causadoras de desilusões: os desencantamentos (resultantes de experiências negativas profundas); as ilusões (inesperadamente desfeitas); o rompimento (abrupto e sem explicações de um relacionamento que parecia estar bem); as deceções (provocadas por expetativas que se vieram a verificar infundadas); as perdas e desenganos. Enfim, são muitas as causas que originam desilusões, mas sempre provocadas por comportamentos que não corresponderam aos anseios ou expetativas, embora nem sempre haja uma perceção consciente quando se criam falsas expetativas.
Diante de um episódio que origina deceção é muito natural o aparecimento de interrogações, de muitas perguntas sem resposta e muitos sentimentos desencontrados. Também é certo que a desilusão é um sentimento de extrema tristeza, que pode fazer com que se fique petrificado, sem força anímica para ultrapassar os obstáculos, que vão aparecendo ao longo da estrada da vida.
A desilusão pode ser uma experiência terrível, pois num momento a esperança está para cima e no outro, tudo muda num instante e o mundo parece que vai desabar. Este sentimento é um fenómeno exclusivamente humano, que faz parte da construção da capacidade de suportar e criar instrumentos para enfrentar as ilusões e as desilusões, com que a vida nos presenteia no decorrer do percurso do crescimento e desenvolvimento.
Ao longo da vida, os desapontamentos, as frustrações, as deceções, as desilusões são tantas, que, psicologicamente, se começa a perder a esperança em praticamente tudo, mas também se vai aprendendo muita coisa e vai aumentando o autoconhecimento, principalmente daquilo que pode provocar sofrimento. A desilusão também pode ser libertadora, se não se se ficar acantonado na posição de vítima passiva e se entrar na autoanálise, para se fazer uma autocrítica.
A pior das desilusões é deixar de acreditar que o amanhã vai chegar; é acreditar num passado que só atrapalha o presente que não tem futuro. A desilusão potencia a esperança, na medida em que se descobre que o tempo é tão implacável, que pode roubar as oportunidades, se não formos suficientemente rápidos para agarrá-las imediatamente. Como nunca se sabe se a oportunidade durará um segundo ou um mês, o melhor é agarrá-la antes que seja tarde demais. A vida é feita de oportunidades!
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