“Cuidar significa dar especial atenção a uma pessoa numa situação específica contribuindo para o seu bem-estar.” Élisabeth Darras
O Cuidar está desde sempre associado a algumas profissões e alguns papéis sociais que são desempenhados por alguns indivíduos ao longo da sua vida e temos como exemplos as profissões associadas aos cuidados de saúde, ao ensino e em relação aos papéis sociais temos as relações familiares que nos sustentam.
Porém todos nós, em determinados momentos da nossa vida, somos cuidadores pela atenção que prestamos a alguém próximo de nós, pela disponibilidade com que nos dedicamos em ajudar quem precisa de nós. É um ato espontâneo e que não implica qualquer esforço.
Afinal como podemos nós sentir que cuidamos dos Outros? Em que momentos estamos cuidar?
O Cuidar é uma arte, onde cada um de nós é mestre e aluno numa contínua aprendizagem diária visando o aperfeiçoamento dos nossos comportamentos, atitudes e a evolução da nossa consciência pessoal e coletiva. Enquanto artistas estamos todos capacitados com as ferramentas necessárias para aprimoramos as matérias-primas essenciais para o nosso cuidar que são as nossas emoções, os sentimentos e as nossas atitudes.
Cuidamos das pessoas que nos rodeiam através dos mais simples atos aos maiores acontecimentos de vida. Quando sorrimos a alguém que se cruza connosco na rua, quando cumprimentamos educadamente, quando cedemos passagem ou o lugar, quando abrimos uma porta para deixar passar, quando entregamos algo que foi encontrado no nosso caminho estamos a cuidar e apesar de parecerem situações banais estamos a exercer uma força positiva na pessoa com quem interagimos nesse momento.
Ao mesmo tempo cuidamos quando indagamos alguém qual o seu sentir em determinado momento, quando escutamos ativamente numa difícil ou alegre conversa, quando permanecemos em silêncio apenas tocando na mão indicando a nossa presença, quando choramos e rimos em conjunto.
Não precisamos de ser heróis para sermos cuidadores, é unicamente necessário e primordial cuidarmos de nós mesmos! Não podemos cuidar de ninguém se não cuidarmos de nós, se não nos mimarmos e preocuparmos em responder às nossas necessidades, às nossas exigências pessoais.
Quantas vezes nos olhamos ao espelho pela manhã e nos cumprimentamos com um largo sorriso desejando que o nosso dia seja repleto de sensações positivas e de crescimento? Quantas vezes nos oferemos um presente como forma de elogio, de compensação por uma vitória adquirida? Quantas vezes damos voz aos nossos sonhos e nos permitimos sonhar sem ficarmos presos aos medos e às dúvidas? Quantas vezes nos permitimos Viver?
Não sei se já se questionou genuinamente sobre a forma como cuida de si mesmo e como pode alterar alguns padrões que estão a condicionar o seu padrão de vida. Se ainda não se sente envolvido por este processo de reflexão e interiorização, significa que ainda não cuida efetivamente de si.
Ao cuidar de si mesmo está a permitir o seu conhecimento interior e a possibilitar o seu crescimento como um ser humano mais completo e conhecedor das suas necessidades para que possa ter atenção às necessidades dos Outros com quem se relaciona.
Não necessitamos que nos peçam ajuda para cuidarmos, mas deveremos estar atentos aos sinais que são enviados por quem precisa de nós e muitas vezes não tem coragem para reconhecer as suas necessidades e solicitar a nossa colaboração.
O Cuidar é uma arte em constante transformação, que se vai adaptando aos diversos contextos de vida, às diferentes pessoas com que nos relacionamos, sendo que tem que ser um processo genuíno e de pura entrega.
Quando cuidamos deixamos a nossa marca na Vida de quem foi cuidado, atingimos um êxtase relacional que cria uma corrente infinita de cuidados entrelaçados e exponencialmente valorizados ao longo dos diversos caminhos trilhados.
Já Florbela Espanca escrevera um dia “De tudo o que nós fazemos de sincero e bem-intencionado, alguma coisa fica.”
Por isso, caros leitores, sejam artistas no Cuidar! Cuidem de vós mesmos e permitam também serem cuidados ao mesmo tempo que cuidam!”