Não, não quero tentar ser feliz.
Quero viver o dia a dia, viver o momento sem pensar no futuro.
Quero apreciar o ar que respiro, o sorriso dos filhos e o conforto do ombro do homem que amo sem pensar em mais nada.
Não quero viver sempre em luta de objectivos que talvez nunca serão cumpridos pela ânsia de construir ou adquirir.
Não vou debater-me com problemas antes de eles existirem nem tão pouco formular situações, soluções ou o que quer que seja.
Quando o mau tempo chegar logo resolvo.
E não me vou deixar consumir pelas situações adversas só porque são adversas. Tudo se resolve e não quero nem vou dar importância ao que pouca importância tem.
Pois, não quero dar importância a quase nada.
Que importância tem a maior parte das coisas não ter importância?
Vou simplesmente ser simples, pausadamente viver a intensidade do que me agrada.
Não, não quero tentar ser feliz. Dá muito trabalho, desgasta demais.
Não quero ficar presa ao que construí e ao que consegui.
Não quero desejar ter o que não preciso ter, abraçar quem não merece ser abraçado ou sorrir só para agradar.
Não, não quero gastar o meu tempo. Quero consumi-lo. Quero apreciá-lo.
Não quero lutar. Quero deixar-me ir… com calma, sem ânsias.
Quero ver de olhos fechados, ouvir o que não tem som, sentir o que posso e quero. Só porque sim.
E vou envolver tudo e todos os que me enchem o coração para que também eles se deixem anestesiar pela leveza do ser, pela beleza da vida.
Não, não quero tentar ser feliz.
Para que me serve tentar ser feliz se já tenho a paz de espírito, o amor de quem amo e a alegria de estar viva?
Estou bem assim.
Assim sem tentar… apenas a sendo…
Haverá algo melhor do que apenas viver?