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VIAGEM À COLÔMBIA – II GUATAPÉ

Cidade das Cores, El Peñol e Pueblitos: Um destino mágico na Colômbia

Tal como referi na crónica anterior, toda a Colômbia é colorida. Falar em “Colômbia”, além de ritmo, lembra logo cor! O nome co.lom.bia tem cor lá dentro. Mas em nenhum lugar se vê tanta cor junta como em GUATAPÉ, a cidade mais colorida do mundo!

Conhecida como a cidade mais colorida do mundo, Guatapé é está muito bem conservada, localizada na rota do povo PAISA, um dos povos fundadores do povo colombiano. Os Paisa são um povo belo e afável.

De manhã bem cedo, iniciámos o caminho desde a cidade de Medellín até Guatapé. Localizada na região de Antioquia, Guatapé fica a cerca de 2 horas de Medellín, um lugar mágico que nos proporciona um contacto esfuziante com a natureza e muita cor. O percurso é cercado de pequenos “pueblitos”, para passear e conhecer um pouco mais da cultura dos diversos povos colombianos.

Por volta das 9:00 da manhã, parámos num pueblito, em Marinilla, para tomar o maravilhoso café colombiano, servido numa “chiva” vermelha com o nome “Jeepeto del Café”. O café da Colômbia passou a ser, para mim, o melhor café do mundo – sem dúvida alguma, o melhor de todos os que já experimentei. Havia festa e os estudantes desfilavam em procissão, acompanhados pelos seus professores, até à igreja. Foi um dos muitos momentos marcantes destas férias – o contacto com povos, comunidades e culturas diversas.

Os paisas

Quando se está na Colômbia, não é incomum ouvir alguém chamar outra pessoa de paisa ou paisano. Essa é a alcunha dada a quem vive no departamento de Antioquia, cuja mais famosa cidade é Medellin, a segunda maior do país. Os pueblitos paisas mais famosos são Guatapé, Santa Fé e El Jardin.

As proximidades de Guatapé são conhecidas por dois principais motivos. O primeiro é a construção de uma represa que alagou grande parte do território, em 1978. À semelhança do que aconteceu em Portugal com a aldeia da luz, com a barragem do Alqueva, também ali há “pueblos” que ficaram submersos. Ao fazer a viagem, é possível, de um miradouro, observar o local onde havia um povoado, marcado pela cruz da torre da igreja submersa pelas águas. É uma imagem bela, que nos deixa a pensar como tudo é efémero, como nada é certo na vida. No local onde construíram o novo povoado existe uma bela estátua de Fénix, com as suas longas asas, renascida num novo espaço.

A construção da represa formou um lindo lago artificial, com diversas ilhas, que pode ser visto dos vários miradouros, e sobretudo do alto da grande pedra El Peñol.

A região tem tido um forte apelo turístico por ser o local onde Pablo Escobar tinha as suas fincas. Ao que se pensa, possuía cinco fazendas. O guia explica-nos “Além, Pablo Escobar possuía cinco fincas, numa das quais se situa a mansão secreta La Manuela, que foi bombardeada e actualmente se encontra em ruínas”. Ainda é possível visitá-la, mas foi queimada, destruída e não sobrou muito para ver. Pessoas famosas possuem casas em ilhas da represa, que se tornam verdadeiros paraísos privados onde apenas é possível chegar de barco e com autorização.

A grande piedra El Peñol

A meio da manhã, fomos visitar a grande piedra El Peñol, que fica já muito próxima da cidade das cores. Esta rocha, com mais de 200 metros de altura, tem 740 degraus para chegar ao seu topo. O meu marido e as minhas filhas subiram os 650 degraus que estavam acessíveis ao público. Valentes! Eu subi 150. O coração de pássaro não permitiu subir mais. A subida é a pique, e as visitas sobre a represa com as suas ilhas são deslumbrantes, até perder de vista. Do alto, dá para ter uma vista sensacional da represa Peñol-Guatapé e dos povoados da região.

A história associada à grande pedra não deixa de ser curiosa: sendo parte da herança de vários irmãos, a pedra foi destinada ao mais novo. Os irmãos mais velhos ficaram satisfeitos, pois nenhum deles estava interessado em herdar um rochedo imenso, sem préstimo, situado no meio do nada. O mais novo dos irmãos, porém, tinha visão estratégica. Para permitir o acesso ao cume da pedra, mandou construir uma enorme escadaria. E assim nasceu um dos mais interessantes pontos turísticos do mundo.

Guatapé

Confesso que nunca tinha visto tanta cor reunida num só lugar!

Colorida por todos os lados: as cores estão presentes por todo o lado: nas paredes, janelas, telhados e escadas …

À hora do almoço, comemos um peixe do rio assado em papel de alumínio, ao vapor, sobre a brasa, acompanhado com molho de marisco – simplesmente delicioso!

E é interessante, que nesta cidade não há delinquência nem pobreza. As pessoas trabalham e são felizes. Têm as portas de casa abertas, como nas antigas aldeias de Portugal. São casas pequeninas, limpas e asseadas.

É como entrar numa outra Colômbia, que nos transporta ao colorido do realismo mágico das obras de Gabriel Garcia Márquez.

Ao cair do dia, já foi com imensa nostalgia que deixámos o lugar, a pensar: “será que algum dia voltaremos aqui?”.

“[…] uma aldeia de vinte casas de barro e cana, construídas na margem de um rio de águas transparentes que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para as mencionar era preciso apontar o dedo.” – Gabriel García Márquez, “Cem Anos de Solidão”.

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