Cultura, Literatura e Filosofia

ESTOU FARTO E AGORA?

O sentimento de farto surge muitas vezes na nossa vida, associado a acontecimentos, a mudanças, a relações, a trabalho, a família, entre outros.

Vive-se rápido nesta vida. Rapidamente entramos no funcionamento de piloto automático e poucas vezes conseguimos parar para respirar, para pensar ou até para olhar para o que temos à nossa volta.

Este sentimento surge associado a um enorme cansaço da rotina. Estamos cansados do trabalho, do marido, da mulher, da sogra, dos pais, dos amigos e até das tarefas mais simples como conduzir, cozinhar, escolher roupa, dormir acompanhado. Por vezes as vozes dos outros, o comportamento dos outros, a falta de atenção dos outros chateia-nos, irrita-nos e incomoda-nos.

Sempre que se sentir assim, pare. Pare e não pense que não pode parar. Não recorra a esse argumento. Pare, olhe bem para si e não se deixe acomodar. Olhe para dentro de si e veja o que precisa de mudar.

Por vezes é importante pôr um pé no travão da vida. Parar é importante para não esgotar ou esgotar-se.

Aprender a descansar é fundamental. Parar para refletir é essencial.

Reflita sobre o que está a fazer-lhe mal. Pense no que ganha se continuar a trabalhar e a correr como uma formiga.

Normalmente, quando se sente assim e consegue parar, surge o sentimento de tristeza, angústia, frustração, medo e até solidão.

Tristeza e angústia porque está desanimado. Solidão porque se sente desiludido. Dá demais de si a tudo. Sente pouco retorno dos outros, ou até pouco reconhecimento ou afeto.

São muitas as preocupações, são muitos os medos de falhar e do insucesso.

Se está cheio de gente à sua volta, mas continua a sentir-se sozinho na luta e resolução dos seus problemas é porque realmente já há muito tempo que está a acumular “lixo emocional”.

A culpa nem sempre é dos outros. A culpa pode ser sua porque não consegue confiar em ninguém sobretudo porque já há muito que não sabe dizer que não.

Diga que não. Coloque-se em primeiro lugar. Lembre-se que não é um super-homem. É humano e precisa de descansar. Precisa de sentir conforto, afeto e amor.

Mude. Mude relações que lhe são tóxicas. Mude trabalhos e padrões de comportamentos disfuncionais.

Cuidado com o efeito bola de neve. Não basta esvaziar o lixo ou descarregar chorando.

Se lhe apetecer chorar, chore. Se lhe apetecer gritar, grite. Acontece aos melhores ter momentos maus. Toda a gente cai. Mas, poucos são aqueles que se conseguem levantar.

Não pense que encontra num beco sem saída. Crie alternativas, elas existem. Peça ajuda.

Se se sentir constantemente num beco sem saída rapidamente se sentirá farto de viver.

Cuidado com o seu ego, constantemente o orgulho pode levá-lo a dizer a si próprio “Está tudo bem”, “Não é nada”, “Vai passar”. Mas, passar muito tempo a dizer isto a si próprio também cansa.

Vivemos numa sociedade que cobra tudo. E por vezes somos nós os maiores agentes de cobrança. Cobramos tudo e fingimos que está tudo bem… Por vergonha… Até “estourarmos”.

Quando tudo explode, pode afetar até as áreas que estão bem. Cuide-se, peça ajuda e não seja orgulhoso.

Muitas vezes ouço pessoas queixarem-se da vida, dos relacionamentos, do trabalho e nada fazem para mudar. Queixam-se, mas permanecem nas relações que se tornam patológicas. Permanecem porque têm dificuldade em enfrentar o que os irrita, os incomoda, o que causa infelicidade.

Pense em si e no seu futuro. Pense bem se quer continuar a sentir-se assim daqui a 5, 10 anos. Imagina-se?

Não é possível melhorar se não aprender a cuidar-se. Se não deixar partir pessoas, se não confrontar e confrontar-se com o que não está a fazê-lo feliz.

Às vezes permanecemos nas coisas tempo demais por cobardia.

Às vezes temos vergonha de assumir que falhamos, que não queremos, que desistimos, ou que, tentamos, mas do outro lado não há retorno.

Mas, sente-se farto… E agora? Basta!! Tenha força para mudar, peça ajuda. Está na hora!!!

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