Mais de metade da minha vida tem sido passada nesta cidade, e perdida entre compromissos, nem a via. Principalmente, porque as minhas horas pareciam encolher sempre que tinha algum tempo só para mim. Até há uns meses, o único “luxo” a que me podia permitir era escrever, de resto, o emprego e a família absorviam todo o meu tempo de uma forma tão intensa que sair deste registo era quase utopia!
Entretanto, a necessidade imperiosa de mudança, alterou o meu rumo profissional, e hoje dou comigo a ver a vida e a cidade com olhos de ver. Verdadeiramente ver. Sentir!
Sair para beber um café e conseguir saboreá-lo, percorrer a pé as ruas da cidade até aos locais que preciso, ou simplesmente pelo prazer de caminhar sem hora ou rumo certo… Redescobrir os parques, para correr um pouco ou apenas caminhar, tem sido uma descoberta constante e libertadora.
E de repente, até os mais pequenos pormenores, se tornaram visíveis. E curiosamente, não são as montras que me ocupam o olhar, mas sim toda a envolvência do que me rodeia. Os prédios multicolores, que misturam o moderno com o antigo, dando à cidade uma identidade muito própria e característica. O Porto é, sem dúvida, uma cidade que descubro, um pouco, todos os dias!
Atualmente, ainda que ocupada entre projetos, porque o futuro não se pode adiar. Sinto-me livre…. E as ruas, vistas aos olhos de quem se sente livre, adquirem uma beleza ímpar. O trânsito é visto como algo natural, as ruas floridas são observadas com encanto, em parte provocado pelas cores e aromas que se espalham pelo espaço envolvente e me fazem reviver momentos da infância. Até os bancos, de madeira ou de pedra, que permitem usufruir comodamente das pequenas zonas verdes espalhadas um pouco por toda a parte, me fazem parar e observar… Sentir a cidade!
Parece que tudo é novo, mas não, a única diferença está em mim. Na capacidade de ver, o que antes, mesmo olhando, mal via.
E cheguei a uma conclusão: só vês bem se te sentires liberta! Livre para fazer escolhas, para te reprogramares… Afinal, nunca é tarde para te descobrires, e apreciares de verdade, o universo que te rodeia!