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Cidadania e Sociedade Política

CAPITAL CONTRA O RELÓGIO

Numa semana em que várias notícias saíram, antagónicas, consequentes ou meramente complementares, mediante a apreciação de cada um, não deixa de ser de assinalar as mensagens que passam, cada vez de forma mais clara para todos.

Quando o País necessita de uma abordagem transversal, que permita um crescimento equitativo, com discriminação positiva, os decisores políticos dão sinais constantes de um centralismo doentio.

Neste caso o termo doentio até poderá ser lúdico, uma vez que uma das notícias se relacionou com a alteração de entendimento do Sr. Ministro da Saúde, relativamente à deslocalização do Infarmed para o Porto.

Ora, esta reversão de decisão da deslocalização do Infarmed tem tanto de incompreensível como de antagónica. Nessa mesma semana os portugueses tomaram conhecimento, com gosto, que a patologista mais influente do mundo é do Porto.

Ou seja, numa dimensão em que o Porto sempre defendeu ser uma referência, o cluster da saúde e todas as boas articulações que tem nos vários domínios, é sufragado pelas autoridades internacionais da melhor maneira e nessa mesma semana dá-se uma indicação de reversão de uma medida de desconcentração de serviços do Estado.

Péssimo sinal, quando o país mais precisa de uma capital a funcionar a contra relógio em determinadas matérias, tem-se a capital a funcionar contra o relógio, impedindo que o progresso e a evolução de todo um país se comece a trilhar sem mais adiamentos.

Sejamos sérios, a descentralização de competências, assim como a desconcentração de serviços é boa para o País. E claro que a questão dos trabalhadores tem de ser acautelada e não faltariam soluções. Enveredar por este caminho é demagógico. Os trabalhadores estariam sempre acautelados, na sua vida profissional e familiar. Essa premissa parece-me basilar.

Mas quando se fala em descentralização e desconcentração, significados juridicamente distintos, falamos, em bom rigor, de riqueza. São postos de trabalho que se discutem, esses postos de trabalho geram riqueza, essa riqueza gera impacto na economia desses territórios, levando a evoluções positivas de todos os indicadores. Sejamos claros, descentralizar e desconcentrar é permitir que todo o País enriqueça, crie postos de trabalho e dinamize a economia local, seja no Porto, em Braga, Faro, Beja, Portalegre, onde quer que seja.

O que é inamissível e cada vez fica mais claro, é que se perpetue este ciclo vicioso de alimentação de uma elite jacobina, ou seja, que poucos, coloquem em causa o futuro de muitos. A democracia é precisamente o inverso.

Já agora, porventura não tem qualquer valor, mas na mesma semana sai a notícia que indica a região Norte como a mais pobre de Portugal.

Continuaremos assim? Será possível só se concentrarem na desconcentração?

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