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Cidadania e Sociedade

PRAXIBUS STERCORE

As praxes são, a par das touradas, uma tradição estúpida.

E se existem dois temas que eu não discuto, cá estão eles. E não os discuto por quê? Porque jamais existirá argumento que me alavanque no sentido oposto.

Alguns pensarão: “Que raio de comparação”. Permitam-me discorrer um pouco sobre o tema: nas touradas predomina um falso sentido de superioridade do homem sobre o animal, nas praxes também. Nas touradas, ferem-se e matam-se animais, nas praxes fere-se o orgulho – por muito que alguns defendam que não – e, às vezes, lá calha ferir ou matar um animal racional em nome da tradição.

Talvez seja uma reação alérgica que me causa algum empolamento na membrana timpânica quando, regressada do trabalho em estado comatoso, oiço palavras de ordem – estúpidas – ordenadas a uma manada dentro de uma carruagem de metro. E como eles vibram com o que acham ser um espetáculo… Lá do alto das capas negras, sente-se o orgulho dos “doutores” em meter a pata calçada – obedecendo ao código de praxe – em cima do seu semelhante.

Quem não se recorda do triste caso da Universidade Lusófona? Estas mortes foram amplamente noticiadas e rapidamente esquecidas. Geraram-se acesos debates sobre quem foram os culpados. Alguns defendiam que se tratou de um infeliz acidente, mas a comunicação social lançou achas na fogueira, denunciando um género de organização poderosa que atuava a seu bel prazer no palco académico.

A estes casos, juntam-se dezenas de outros casos menos mediáticos, que ao longo dos anos têm provocado vítimas mais ou menos graves, mas sempre com prejuízos físicos e/ou emocionais. E escapar a esta tradição não é tão simples como se supõe. Os tribunais de praxe geram um sentimento de terror em adolescentes cada vez mais imaturos e sem capacidade de afirmar a sua recusa perante algo que parece estar bem enraízado na cultura académica. Esta imaturidade reflete-se na atitude dos que ordenam e na dos que obedecem.

Podemos atribuir às praxes uma função de integração dos novos alunos no meio académico? Não creio. Existe um sem número de formas de integrar alguém num novo ambiente, sem recorrer à violência e à humilhação. Façam-se jantares e festas, eventos solidários e culturais, e deixem-se de tretas.

Nota: para saberem mais sobre o título desta crónica, que está escrito em latim para não ferir suscetibilidades, queiram consultar o Google Tradutor.

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