A vida pinga sincronizadamente os seus minutos nos nossos dias.
Vivemos mecânicos nessa rotina que nos empurra para o precipício.
Distraídos, esquecemo-nos de ser felizes. Esquecemo-nos de parar o relógio para olharmos para«dentro». Temos medo de arriscar, de escorregar, de falhar. Temos medo de desiludir, de desagradar, de não corresponder ao que esperam de nós.
Ao longe, o paraíso…
Olhámo-lo com pirilampos a cintilar.
Olhámo-lo com o coração a palpitar.
Contudo, temos medo do caminho, tememos o percurso sinuoso que nos leva até lá.
Então ficamos de olhos fixos no horizonte, de coração acelerado, mas presos à casa que comprámos, ao emprego que arranjámos, à mulher com quem casámos, ao relógio que não para de pingar os seus minutos sincronizados e infelizes.

Excelente cronista: Lúcia Vaz Pedro! Parabéns!
Ter a Lúcia Vaz Pedro a escrever para a Bird são pontos ganhos, sem dúvida.
Sem pretender ser desagradável ou desmancha-prazeres, e salvo melhor opinião, a escrita de Lúcia Vaz Pedro parece-me (e isto é sempre profundamente subjectivo) estereotipada e repleta de lugares-comuns. Perdoem-me a frontalidade.
Manel