Muito tenho ouvido falar, mesmo aqui em Portugal, sobre as eleições presidenciais que ocorrem este ano no Brasil. Por isso, decidi escrever sobre as eleições brasileiras. Procurarei ser imparcial e pintar um quadro geral sobre a bagunça que é a história recente da política no Brasil. No entanto, devido ao fato de ser uma longa história, este texto será dividido em duas partes para que a leitura não se torne cansativa.
Em 2018, o brasileiro foi às urnas para escolher os deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores e presidente que irão ditar os rumos do país pelo menos nos próximos quatro anos.
Talvez, em termos práticos, as eleições para o congresso e senado sejam muito mais importantes, uma vez que os projetos precisam tramitar por estas casas para que sejam aprovados ou não, e é o viés da maioria dos parlamentares que irá definir o que segue a diante e o que vai ficar apenas no papel, sendo muito importante que estes interesses estejam alinhados ideologicamente aos interesses do poder executivo para que haja governabilidade.
No entanto, mais uma vez, a eleição presidencial ganha destaque. Em um segundo turno disputado entre o candidato Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), e Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), existem muito mais detalhes do que uma simples dicotomia entre Fascismo e Democracia, como por muitas vezes vejo ser apresentado pela mídia nacional e internacional, principalmente na internet.
Vendo desta forma, faz parecer fácil o processo de decisão do voto, afinal o Fascismo foi uma doutrina sanguinária que deve ser repudiada ainda no berço para que nunca mais aconteça, e talvez por isso, este seja um dos maiores argumentos dos eleitores contrários ao candidato Jair Bolsonaro.
Jair Bolsonaro é conhecido por suas frases firmes e carregadas de ataques à opositores, principalmente ao Partido dos Trabalhadores, e também pelo tom racista, machista e homofóbico que lhe é atribuído por suas declarações. Quando Deputado Federal pelo estado do Rio de Janeiro, se envolveu em diversas polêmicas causadas por embates ideológicos, que fez com que acumulasse muitos opositores, mas que talvez tenha sido um dos maiores motivos pelos quais, hoje, Bolsonaro disputa o cargo de Presidente da República com maior porcentual das intenções de voto.
Politicamente, Jair Bolsonaro ocupa o cargo de Deputado Federal desde 1991, no entanto, nunca esteve um cargo no poder Executivo, e confia o sucesso de sua eventual gestão como Presidente da República em seus conselheiros e aliados, dentre eles, Paulo Guedes, que é a indicação do presidenciável para ocupar o Ministério da Fazenda e responsável pela economia nos próximos quatro anos. Tem como suas principais bandeiras o liberalismo econômico, o fim do desarmamento, o combate à corrupção e a ideologia de gênero, bem como o afastamento diplomático do Brasil de países sob regimes ditos socialistas, como Cuba e Venezuela.
Do outro lado, o candidato Fernando Haddad, que desde o início da campanha se apresenta como o candidato do ex-presidente Lula (que está preso) com o slogan de campanha “LULA É HADDAD, HADDAD É LULA”, herda grande parte dos votos de seu guru político, mas também todas as chagas da corrupção carregadas pelo Partido dos Trabalhadores, que juntamente à outros partidos políticos, acumularam ao longo dos últimos anos, sendo este candidato a continuidade de uma linhagem política que está no poder há 14 anos e que divide opiniões.
Politicamente, Haddad foi Ministro da Educação no governo Lula entre 2005 e 2011, onde colaborou ativamente para organização do sistema educacional brasileiro como é hoje, e ocupou o mesmo cargo entre 2011 e 2012 durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Foi prefeito da cidade de São Paulo entre 2013 e 2016, onde viu sua popularidade variar ao longo do período que esteve no cargo. Ao final de 2016, Haddad concorreu à reeleição, no entanto, foi derrotado com 16,7% dos votos válidos, perdendo até mesmo para as abstenções.
Apresentados os protagonistas, no próximo texto vamos abordar a história recente afim de contextualizar e apresentar os diversos fatos que trouxeram ambos os candidatos até a reta final das eleições presidenciais brasileiras em 2018.