A depressão é uma doença que pode manifestar-se em qualquer um de nós.
Pode ser crónica e manifestar-se nos pais. Normalmente traduz-se no afeto que os pais conseguem ou têm disponível para dar aos filhos.
Podem haver fases mais ou menos agudas que aparecem e desaparecem de uma forma súbita.
É comum uma mãe deprimida, nervosa, triste irritar-se com o filho. “Há alturas em que até o choro, os pedidos me incomodam… só me apetece chorar… não me apetece pegar nele…”
A depressão pode ter uma natureza reativa no sentido em que a mãe ou o pai ficam demasiado reativos aos pedidos e comportamentos dos filhos. A mãe pode viver preocupada ou angustiada com algo que não consegue identificar e que muitas vezes tem vergonha de partilhar.
O pai pode estranhar o novo elemento em casa e as adaptações e mudanças que a entrada deste novo elemento originam na dinâmica do casal.
Para a criança o cuidado materno é muito importante. Para a mãe, a disponibilidade, compreensão e colaboração do pai é muito importante. Para o pai os cuidados da mãe, o afeto e a ligação à criança e a intimidade com a mulher são muito importantes.
Desde cedo a criança aprende a identificar as caras e as expressões dos pais e são, muitas vezes, capazes de prever e antecipar o comportamento dos pais.
As crianças são extremamente observadoras. Imitam e aprendem mais com o que observam e vêem fazer do que com o que ouvem. Reproduzem os seus modelos de referência, os seus pais, em muitas atitudes, expressões e comportamentos do dia a dia.
O stress, a ansiedade e a angústia da culpa estão muito presentes nos pais de hoje. O cansaço também.
As crianças queixam-se muitas vezes no consultório do cansaço dos seus pais e da sua falta de paciência.
Desde cedo identificam os possíveis sentimentos dos seus pais e aprendem a conhecê-los. No entanto, a imprevisibilidade de comportamentos é a maior dificuldade que as crianças apresentam na relação com os seus pais.
Não são só elas que são imprevisíveis, os seus pais também o são.
A angústia e a culpa são sentimentos que estão hoje presentes porque os pais passam cada vez menos tempos com os seus filhos e depois vivem preocupados com o que possa advir disto.
Recompensam com presentes, ouvem pouco os seus pedidos e por vezes esquecem-se dos reforços positivos e das palavras de incentivo. É comum os filhos queixarem-se das exigências e dos reforços negativos dos seus pais.
Por vezes existe uma enorme ausência de diálogo.
Deixa de haver apenas o casal e existe a concepção e construção da família.
Ser pai e ser mãe pode ser muito gratificante, mas exige muita dedicação e cuidado. Exige afeto.
Crianças com pais que apresentam sintomas depressivos têm uma maior probabilidade de desenvolver problemas emocionais e comportamentais.
É importante identificar sintomas depressivos e procurar ajuda profissional. Existem sinais precoces tais como impaciência, tristeza, ansiedade, irritabilidade, stress, angústia, frustração, pouca motivação para desenvolver até atividades simples, pouco investimento nas relações, desânimo, choro, isolamento, solidão, vazio, etc.
Existe depressão pós-parto nos homens e nas mulheres embora com manifestações diferentes.
Os homens podem sentir-se inúteis, ansiosos, vazios, sem controlo, com diminuição ou ausência de desejo sexual, perdem interesse por atividades que anteriormente gostavam e têm por hábito não falar sobre o que se passa. A depressão, nestes casos, é muitas vezes silenciosa.
Se se fingir que o problema não está a acontecer, a pessoa irá sentir-se pior.
É importante pedir ajuda.