A doença de Scheuermann é a causa mais comum de hipercifose, devido a uma alteração vertebral; mais frequentemente diagnosticada durante a puberdade entre os 10 e 12 anos (antes da ossificação da cartilagem de crescimento) e agrava-se na adolescência não apresentando diferença de prevalência quanto ao sexo. Os fatores biomecânicos podem estar relacionados com a etiologia, no entanto a evolução natural da doença não é bem documentada na literatura.
Assim na doença de Scheuermann, a deformidade em cifose pode apresentar-se de duas formas: torácica (mais comum) e dorsolombar (mais rara e com maior tendência a progredir), a presença de dor é tipicamente de carater mecânico; agravando com o esforço físico. Geralmente a dor cessa com a maturidade esquelética.
Na avaliação clínica verifica-se uma irredutibilidade da deformidade, que se apresenta como uma curvatura anterior e rígida do tronco do paciente. Pode-se ainda observar a retração dos músculos peitorais, isquiotibiais e flexores dos quadris. Na avaliação neurológica observa-se que as alterações neurológicas são incomuns.
O diagnóstico diferencial principal a ser efetuado é cifose postural e cifose congénita. A cifose postural é tipicamente flexível, sendo corrigível mediante extensão ativa do tronco pelo próprio paciente. A avaliação com imagens radiográficas não demonstra alterações vertebrais. Por outro lado, a cifose congênita revela a presença de alterações de formação (hemivértebras posteriores) ou de segmentação (barras anteriores) nos exames de imagem. Assim o exame complementar de diagnóstico é uma radiografia onde são observáveis nódulos de Schmorl, irregularidade de placas terminais e pelo encunhamento anterior de 5° ou mais de três vértebras adjacentes no ápice da deformidade. É também comum identificar diminuição dos espaços intervertebrais.
As indicações para intervenção na cifose de Sheuermann são: dor, deformidade e comprometimento estético.
O tratamento baseia-se na gravidade e na progressão da curva sendo aplicado um tratamento conservador ou em última linha o cirúrgico.
O conservador baseia-se na aplicação de ortóteses do tronco (coletes), para pacientes com curva entre os 50 e 80º e do membro inferior – ortóteses plantares para compensação da pélvis e ao mesmo tempo incentivar aos exercícios de fortalecimento dos extensores do tronco e isquiotibiais.
Os programas de exercício fisioterapêutico e aplicação de coletes podem ajudar os pacientes cuja maturidade esquelética não se completou.
O tratamento Ortopodológoco através da aplicação de ortóteses plantares pode melhorar a deformidade e prevenir a progressão da mesma.
Nas curvas com mais de 80º deve ser considerada a hipótese de tratamento cirúrgico.