A falta de atenção tornou-se um dos principais problemas identificados nas escolas, atualmente. Quando a desatenção de um aluno ultrapassa certos limites, estabelecidos geralmente pela expectativa dos professores na sua experiência com crianças da mesma faixa etária, suspeita-se de ser défice de atenção ou hiperatividade. Em casos assim, costuma-se encaminhar o aluno para avaliação especializada e, caso a suspeita se confirme, poderá ser medicado. Este itinerário do aluno desatento tornou-se comum nas últimas décadas. Supõe-se que a atenção é um pré-requisito para o bom desempenho, de modo que as crianças que não prestam atenção correm o risco de falhar na escola. A atenção não é uma aptidão genérica, mas que se desenvolve na direção de objetos e conteúdos específicos. Não é algo que está contido no cérebro do aluno (ou que lhe falta), mas algo que, na escola, se estabelece na relação entre o aluno e o que lhe é apresentado pelo professor, bem como a forma que lhe é apresentada. Sabe-se bem que os mesmos alunos que se mantêm atentos na aula de um professor podem mostrar-se completamente dispersos na aula de outro. E cada professor sabe que há temas capazes de despertar uma atenção imediata, enquanto outros exigem um grande investimento em estratégias para prender a atenção. Assim, parte importante do trabalho dos professores consiste em pensar em modos de “falar à imaginação dos alunos”, de criar um modo de fazer com que os alunos consintam em renunciar a outros estímulos para concentrarem-se no que está a ser trabalhado.
Em vez de se considerar que as crianças desatentas precisam ser diagnosticadas e tratadas, poder-se-ia pensar que cabe à escola fomentar uma cultura da atenção.